Grécia retoma negociações com credores na quarta-feira
A Grécia retomará na quarta-feira as negociações com credores do setor privado sobre o plano de reestruturação da dívida, com o objetivo de alcançar os contornos de um acordo a tempo para uma reunião entre ministros de Finanças da zona do euro, em 23 de janeiro.
Em declarações aos colegas membros do Partido Socialista, o ministro de Finanças grego, Evangelos Venizelos, insistiu que as conversações serão retomadas nos próximos dias, apesar de uma ruptura na sexta-feira em meio a divergências sobre a futura taxa de juro que a Grécia pagará.
"Os nossos colegas do Instituto de Finanças Internacionais [IIF, na sigla em inglês] retornarão na quarta-feira, e a nossa meta é ter um esboço geral acordado antes da próxima reunião do Eurogrupo, em 23 de janeiro", disse Venizelos.
O IIF, grupo com sede em Washington que representa os maiores bancos do mundo, concordou em outubro que negociaria com a Grécia um acordo de baixa contábil "voluntária" da dívida com vista a um corte de 50% no valor dos títulos detidos pelo setor privado.
Mas dois dias de conversações em Atenas terminaram na sexta-feira sem um acordo. A maior disputa entre os dois lados são os pagamentos de juros anuais sobre os novos bônus que seriam trocados pelos antigos.
O IIF exige um cupom anual de 4% a 5%, argumentando que esse é o limite mínimo absoluto de qualquer acordo que possa ser descrito como voluntário, segundo pessoas familiarizadas com a questão. Alguns governos da zona do euro, liderados pela Alemanha e sustentados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), têm buscado uma taxa de juro abaixo de 4%, segundo as fontes.
Agência Estado
O rebaixamento em massa de países da zona do euro reaqueceu um debate sobre a ampliação do fundo de resgate do bloco, mas os governos estão divididos sobre um possível aumento de suas contribuições, disse neste domingo uma autoridade da União Europeia. "Existe um debate. A questão ainda está aberta e não há até agora um consenso", disse a autoridade, sob condição de anonimato.
A chanceler alemã Angela Merkel, cujo país foi poupado pela ação da agência de classificação de risco Standard & Poor's, recusa-se a elevar a fatia de Berlim na Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês). Na sexta-feira, a S&P rebaixou a nota de crédito de nove países da zona do euro França e Áustria, então com classificação AAA, agora têm AA+. Itália, Espanha e Portugal também estão entre os que tiveram suas classificações pioradas.
A Alemanha, maior economia da Europa, já é o maior fiador da EFSF, que começou com 440 bilhões de euros mas tem agora 250 bilhões de euros após os resgates de Portugal e Irlanda. O fundo agora é considerado pequeno demais para ajudar Itália ou Espanha, respectivamente terceira e quarta economias. A Grécia já aguarda um segundo resgate.
A decisão da S&P de rebaixar nove países pode afetar a EFSF. "A EFSF pode perder seu triplo A [a maior nota de crédito possível] para empréstimos a longo prazo" se nada for feito para compensar os rebaixamentos de França e Áustria, disse a autoridade da UE. Se perder a sua nota máxima, a EFSF pode não conseguir levantar tanto capital quanto planejava, o que pode reduzir a sua capacidade de sustentar os países problemáticos da região.
A S&P havia alertado no mês passado que qualquer rebaixamento de um dos seis países da zona do euro com triplo A poderia levar a um corte similar para a EFSF. O rebaixamento deixou quatro países com triplo A: Finlândia, Alemanha, Luxemburgo e Holanda.
Fundo permanente
O primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, disse ontem que o rebaixamento destaca a necessidade de uma rápida implementação de um fundo de resgate permanente para a zona do euro.
Os comentários de Rutte se assemelham às declarações feitas por outros líderes europeus, que reagiram à notícia durante o fim de semana.
O possível rebaixamento da nota da EFSF aumenta a necessidade de uma rápida implementação de um fundo de regaste permanente, conhecido como Mecanismo de Estabilidade Europeia (ESM, em inglês), de acordo com Rutte.
O ESM, que deve começar até meados de 2012, terá sua própria base de capital e não dependerá dos ratings de crédito dos países membros, explicou o premiê holandês. "Todos os 17 países depositarão dinheiro. Assim, o fundo pode emprestar com taxas de juros mais baixas", disse o premiê holandês.
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