Os parafusos soltos na aeronave da Webjet que fez o voo 5761 (Guarulhos - Santos Dumont), na última quarta-feira (21), serão alvo de fiscalização por diversas áreas técnicas da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Em caso de irregularidade, a agência iniciará um processo administrativo, que poderá resultar em punição. O órgão já adiantou que a falta de parafusos não é permitida.

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O flagrante foi feito pelo designer André Stolarski, que enviou as imagens para o Eu-Repórter. O fato foi um dos temas mais comentados nas redes sociais nestas quinta e sexta-feira. "Webjet ou Webjegue?", perguntaram alguns internautas. Num misto de susto e humor, twitteiros comentaram a falta de estrutura do avião da empresa. De Boston, Estados Unidos, Juliano Xaero (@Juliano_xaero) sugeriu como poderia ser a comunicação em voo a partir de agora: "Avião da Webjet: senhoras e senhores decolagem autorizada, favor apertar os cintos e os parafusos, a chave se encontra ao lado. Obrigado."

Nesta sexta-feira, outro flagrante, desta vez enviado pelo leitor William Couto, mostra um remendo com fita aeronáutica (speed tape) numa das asas da aeronave que fazia o voo 5748, em 22 de fevereiro, entre os aeroportos do Galeão, no Rio, e de Foz do Iguaçu, também da Webjet. "Já morro de medo de avião. Fiquei o voo todo olhando para aquele troço, com medo de que fosse sair", disse Couto.

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A reclamação é similar à feita pelo leitor Marcos Sketch em junho do ano passado. À época, apesar do susto entre os passageiros, a Anac e a empresa afirmaram que o procedimento é seguro e pode ser usado durante consertos temporários.

Pequena empresa, grandes reclamações

Com uma frota de 23 aeronaves, a Webjet recebe volume de manifestações - críticas, sugestões, dúvidas e elogios de passageiros - comparável às das maiores companhias aéreas do país, TAM e GOL, que têm 146 e 123 aviões, respectivamente, segundo dados da Anac. Entre janeiro de 2011 e fevereiro passado, a Webjet foi mencionada por 4.097 vezes; a TAM contabilizou 8.644 registros no período; e a Gol, 5.511. Os números da Webjet são muito superiores aos de empresas do mesmo porte, como a Azul (1.003 manifestações e 26 aviões na frota) e a Avianca (1.058 solicitações e 22 aeronaves).

Ainda de acordo com a Anac, o número de multas aplicadas às empresas aéreas cresceu 34% nos últimos dois anos, passando de 3.481 em 2010 (totalizando R$ 34,3 milhões) a 4.666 em 2011 (R$ 35,3 milhões). As multas ocorrem não só por falta de manutenção de aeronaves, mas também por problemas referentes a pilotos, segurança de operação, direitos dos passageiros e infraestrutura nos aeroportos. A agência alega não ter informações separadas por categoria ou companhia aérea.

Em nota, a Webjet disse que o índice de queixas relacionadas à empresa no site Reclame Aqui vem melhorando ao longo do tempo.

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"Em 2010, o índice de satisfação era de 2,69 e atualmente apresenta 4,45, nota esta atribuída pelo consumidor." Para a companhia aérea, o resultado é fruto do investimento em infraestrutura e capacitação de seus funcionários de atendimento, além da reestruturação de todos os seus processos de call center.

A Webjet foi comprada pela Gol no ano passado, mas as marcas continuam operando separadamente até julgamento do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Leitor que flagrou parafusos diz que achou situação "curiosa"

Passageiro frequente da Ponte Aérea, o designer André Stolarski, responsável pelo flagrante dos parafusos soltos, costuma viajar com uma câmera para fotografar a vista durante o percurso entre Rio e São Paulo. Apesar de estar acostumado a viajar de avião, ele contou nunca ter visto um problema do gênero: "Mandei a foto porque, como leigo em aeronáutica, achei a situação curiosa. Tinha feito o registro para mim mesmo, mas resolvi enviar a imagem para o jornal depois de ter visto que os parafusos não estavam mais lá no pouso. Gosto da Webjet, não tenho nada contra a companhia. Fiquei bastante assustado com a repercussão da matéria, mas acho positivo gerar um debate sobre a segurança nos voos."

A Webjet informou que as peças não têm função estrutural, mas que seriam repostas.

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Nas redes sociais, críticas foram feitas por dois dias

"Avião da Webjet" figurou nos Trending Topics na noite de quinta-feira, quando o Eu-Repórter publicou a matéria, e na manhã de sexta. Entre piadas, a preocupação de quem comprou ou pretendia adquirir passagem para voar pela companhia: "Só de pensar que ia comprar uma passagem nessa empresa fico tenso!", twittou Felipe Souza (@lipess), que ganhou o apoio no Facebook de Thales Brandão, crítico da Anac:

"Você tem medo de viajar de avião!? Fique preocupado! Oxente, sem agência reguladora - o consumidor sofre!"

Parafusos soltos não parecem ser o único problema da Webjet. Em meio aos relatos nas redes sociais, a reclamação de Caique Bermanelli (@BermaneliCaique), cliente da empresa:

"Tenho altas histórias no avião da Webjet. A turbina parece que está dentro do avião e não fora. Cheguei surdo em São Paulo".

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