A propaganda do Kobo Aura H2O é: “O primeiro e-reader à prova d’água do Brasil”. Lendo um pouco mais, você descobre que ele resiste também à areia e à poeira, e que a resistência à água tolera imersão total em até um metro de profundidade. É um leitor para usar na praia e na piscina.
Confesso que não mergulhei o leitor na água (deveria ter usado um balde ou o tanque lá de casa) porque sou germânico demais para isso: molhar aparelhos eletrônicos vai contra minha natureza. E não piso numa praia ou numa piscina há uns dez anos. Então não sei dizer se ele é mesmo à prova d’água. Mas posso falar sobre minha experiência de leitura. (Agora, o editor de Economia deve estar arrependido de pedir minha opinião sobre o e-reader.)
A característica que mais me atrai num leitor digital é – e você vai rir – o quanto ele parece uma tecnologia retrô. Quanto mais simples e menos firulas, melhor. Tenho em casa um “Kindle Keyboard”, um leitor com um teclado minúsculo que você pode usar para pesquisar conteúdo no aparelho ou na loja virtual da Amazon, e também para fazer anotações.
O teclado é terrível e o leitor parece ter sido feito nos anos 1980. E é por isso que gosto dele. A tela fosca, de “tinta eletrônica”, é bastante agradável e sempre resisti à ideia de ter um leitor com tela iluminada para ler no escuro. Parece que lembra demais uma tela de computador – para mim, isso subverte a proposta do leitor digital. Acho que ele deve se aproximar mais do livro que do computador. Eu já tinha manuseado o “Kindle Paperwhite” (com a tela iluminada) e não me convenci. Continuei com o meu leitor mais simples – com quase quatro anos e ainda funcionando direitinho.
Depois de mexer no Kobo Aura H2O, vi que o meu leitor velho está absurdamente lento e que a tecnologia “ComfortLight” do aparelho é mesmo um conforto. Você pode regular o brilho e a tela de leitura não precisa ter a luz intensa de um monitor. Gostei que o Kobo é leve (pouco mais de 200 gramas) e anguloso (o que dá o efeito retrô, que me agrada).
Essas características – disponíveis em outros modelos de leitor digital –, mais o lance de sobreviver à água, areia e poeira, deixam o aparelho com uma aura radical. Como se fosse um leitor para ser usado no deserto, no mar e no ar.