Para o curtíssimo prazo, analistas já dão como certo o impacto da crise internacional sobre a economia doméstica os primeiros reflexos seriam sobre a inflação. Mas, para um período um pouco mais longo, muitos deles ainda nutrem algum otimismo. Pelas avaliações de especialistas, o agravamento da crise externa não deverá provocar uma desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) para o ano que vem maior do que a já estimada em relação ao fechamento deste ano. A desaceleração projetada para 2009 incorpora os efeitos defasados do aperto da política monetária, iniciado em abril.
"Até a semana passada, antes da concordata do banco Lehman Brothers, atribuíamos uma probabilidade de 70% de ocorrência para o cenário básico. Esse cenário contempla um crescimento mundial de 3,50% em 2009, que representa uma desaceleração moderada em relação a 2008. Nele, a redução da demanda externa contribui para a desaceleração do PIB em 2009 por meio do impacto sobre exportações", afirma a a analista Marcela Prada, da Tendências Consultoria Integrada.
Com relação à demanda interna, o cenário também é de desaceleração, mas em função do aperto da política monetária. "Por este cenário, portanto, a Selic sobe até 15% em janeiro de 2009, o PIB desacelera de 5,4% em 2008 para 3,8% em 2009 e a inflação de 2009 pelo IPCA fica em 5%", reforça a economista da Tendências.
O consultor de análises econômicas do Banco Itaú, Joel Bogdanski, afirma não ver para o médio prazo um cataclismo econômico em decorrência do recrudescimento da crise econômica internacional. "Não vejo um cataclismo acontecendo a não ser que todos os bancos centrais e tesouros nacionais do mundo fechem. Não se pode esquecer que, do outro lado do balcão, tem gente trabalhando para acabar ou pelo menos amenizar a catástrofe", avalia Bogdanski.
A economista-chefe do ING Bank, Zeina Latif, afirma acreditar ser razoável uma expansão do PIB em 3,6% no ano que vem, ainda que com as incertezas vindas da economia internacional, porque a economia brasileira, na opinião dela, encontra-se blindada. "Por isso não acredito na desaceleração dos investimentos. Estamos passando por um momento de correção, mas não acho que isso vá contaminar as economias dos países emergentes."
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