Apesar do baixo crescimento econômico em 2012 acender um sinal amarelo no governo para este ano, cientistas políticos ouvidos pela Agência Estado acreditam que, por enquanto, a popularidade do governo Dilma Rousseff não deve ser afetada. Para eles, a maioria da sociedade ignora o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,9% do ano passado e só estará atenta ao desempenho econômico se emprego, consumo e renda forem afetados.
"Tenho certeza de que, para a imensa maioria da população, o PIB é só um número. Se vai fazer algum sentido, se vai impactar de forma duradoura, num prazo razoável de seis meses ou um ano, só se atacar emprego, consumo e renda", avaliou Humberto Dantas, cientista político do Insper.
A tese é compartilhada pelo cientista político da Fundação Getulio Vargas (FGV) Marco Antonio Teixeira. "O que sustenta a imagem do governo para a opinião pública é a capacidade do governo de produzir bem-estar e isso se traduz em emprego e renda para poder adquirir conforto. Quando essas questões começam a faltar, a eficiência do governo é questionada e se começa a buscar alternativas de fora", comentou.
Teixeira acredita que, se do lado do governo há motivos para preocupação, do lado da oposição surge uma boa pauta para se contrapor. "A oposição já percebeu há algum tempo que a pauta moralista não pega. Agora, o baixo desempenho econômico afetando emprego e renda pode desgastar o governo para além do econômico. As pessoas podem ficar mais sensíveis às pautas moralistas a partir da fragilidade econômica também", analisou.
Na opinião de Dantas, novos indicadores apontando fraqueza econômica precisam surgir para transformar o cenário em "um desastre" e dar fôlego aos opositores do governo Dilma Rousseff. "É de novo um cenário em que a oposição precisa torcer para que o País dê mostras de enfraquecimento para que algum tipo de ameaça derrube quem está no poder", disse.
Para o analista do Insper, a presidente Dilma precisa superar o baixo crescimento da economia para garantir a reeleição. "Tem de enfrentar o pibinho, né? Mas a oposição vai sempre jogar no erro do adversário?", questionou.