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São Paulo – O resultado das contas fiscais do setor público consolidado de novembro, de R$ 5,606 bilhões, foi recebido com reservas por alguns analistas do mercado. As previsões apontavam para um superávit de R$ 1,8 bilhão a R$ 4 bilhões. Ou seja, nem o teto das expectativas contemplava um valor tão expressivo quanto o divulgado pelo Banco Central. Dois são os pontos que suscitaram as dúvidas dos analistas: o resultado muito acima das previsões para o superávit das empresas estatais federais e a redução da dívida na proporção do PIB, que ao cair para 49,3%, levou os analistas a concluir que o governo considerou em seus cálculos uma expansão de 5% do PIB em 2006 mesmo com o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, tendo afirmado que a taxa contemplada no cálculo foi a de 3%, do último relatório de inflação.

Para o sócio-diretor da Global Financial Advisor, Miguel Daoud, fica claro que o governo superestimou o crescimento do PIB porque, tomando como base o valor da dívida líquida, de R$ 1,047 trilhão, o seu porcentual de 49,3% na proporção do PIB eleva o total da economia nacional para R$ 2,124 trilhões em 2006, que se comparados com o R$ 1,937 trilhão de 2005 mostra uma expansão de 5%. A economista-chefe da Mellon Global, Solange Srour, pondera que o governo usa para efeito de cálculo do superávit primário a taxa de crescimento nominal do PIB e não a real. "E não vejo nenhum problema nisso", afirma.

"Mas é aí que está o problema", afirma Daoud. De acordo com ele, se o governo usa o PIB nominal para calcular o superávit, os resultados saem distorcidos, já que o desembolso para o pagamento da dívida é real e não nominal. "Peguemos como exemplo os desembolsos para pagamento da dívida. Estamos falando de 49,3% do PIB e isso é real, não tem nada de nominal", contesta Daoud.

Quanto ao desempenho das estatais federais em novembro, o superávit de R$ 2,883 bilhões causou estranheza porque veio muito acima das previsões, que apontavam para algo em torno de R$ 1 bilhão ante um déficit em novembro de R$ 715 milhões. Para Sandra Utsumi, economista-chefe do BES Investimento, o governo tem transferido os resultados das estatais para os cofres do Tesouro para cobrir as saídas para pagamento de juros, o que reduz a capacidade de investimentos destas empresas.

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