Análises de bancos e consultorias divulgados após o resultado do plebiscito sobre a saída do Reino Unido da União Europeia preveem um período de incerteza e volatilidade nos mercados financeiros globais. Além disso, apontam que o chamado Brexit — como ficou conhecido o movimento, com origem em Britain (Grã-Bretanha) mais Exit (saída) — levanta dúvidas sobre o futuro da Europa e da zona do euro. Mas há quem diga que o Brexit sinaliza choques, “mas não é o fim do mundo”, como foi o caso da consultoria Capital Economics.
A consultoria Eurasia colocou em trajetória negativa a curto prazo e a longo prazo a perspectiva para o governo britânico. O documento ressalta que a decisão de saída mexeu com os mercados também por causa de dados nos últimos dias que apontavam para a preferência do Remain (permanência). Segundo eles, a libra continuará “a mais provável vítima” da turbulência do mercado, mas consequências mais amplas para o mercado vão acompanhar o comportamento dos mercados de dívida europeia.
“Mudanças dramáticas nas taxas de câmbio podem ser compensadas por intervenção em moedas e em linhas de crédito dos bancos centrais, mas restrições políticas podem tornar mais difícil conter preocupações com riscos em operações interbancárias ou aliviar alguma venda em larga escala de dívida de regiões não periféricas da zona do euro”, afirma a análise.
Já a consultoria Capital Economics, em diversos relatórios divulgados desde a madrugada, afirmou que o voto pela saída “terá efeitos negativos substanciais na economia europeia e levantar dúvidas sobre o futuro da própria União Europeia e da união monetária”. A Capital Economics vem defendendo que os efeitos econômicos do Brexit talvez sejam menores do que o estimado por alguns no mercado, mas ainda assim admitiu que há muitos canais de transmissão para possíveis impactos na Europa. Uma valorização sustentada do euro, em relação a uma libra enfraquecida, pode ser prejudicial.
Em um texto chamado “Voto do Reino Unido traz choques, mas não é o fim do mundo”, o economista-chefe europeu, Jonathan Loynes, afirmou que “o cenário claramente cria incerteza considerável a curto prazo”, que provavelmente terá efeitos na economia britânica nos próximos trimestres. Sua avaliação é que a confiança dos empresários vai cair fortemente por um tempo.
“No entanto, mantemos nossa visão que o dano real será menor que as projeções mais pessimistas sugeriram. O Reino Unido permanecerá na União Europeia por pelo menos dois anos e possivelmente por mais tempo. Isso permitirá tempo para esclarecer algumas das incertezas, como o futuro da relação comercial com o resto da Europa”, apontou o texto.
Incerteza para emergentes
Em relatório, o chefe global de Mercados Emergentes do HSBC, Murat Ulgen, defendeu que o efeito direto em comércio e ligações financeiras nos países emergentes deve ser pequeno. Mas que “a incerteza oriunda do voto do Reino Unido deve ter impacto negativo imediato em confiança, resultando em um período de elevada volatilidade nos mercados financeiros”.
“O caminho a partir daqui para os países emergentes vai depender muito da ação de líderes para administrar de forma suave o processo de saída do Reino Unido, logo o elemento de incerteza estará presente por um tempo”, apontou o texto.
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