O BTG Pactual informou nesta quarta-feira (2) que o banqueiro André Esteves, preso desde a semana passada, deixou o controle da instituição financeira em uma operação de permuta de ações com os outros sete principais sócios do banco de investimentos.
Com a mudança, os sócios Marcelo Kalim, Roberto Sallouti, Persio Arida, Antonio Carlos Porto Filho, James Marcos de Oliveira, Renato Monteiro dos Santos e Guilherme da Costa Paes passarão a exercer o controle do BTG Pactual por meio de uma holding a ser criada por eles, segundo fato relevante.
A mudança no controle depende de aprovação pelo Banco Central. Até a noite de terça-feira, o BTG Pactual afirmava que ainda não havia qualquer definição sobre a participação societária de Esteves no grupo.
Mais cedo nesta quarta, o BTG Pactual anunciou a venda de participação na rede hospitalar Rede D’Or São Luiz para o fundo soberano de Cingapura, que já era sócio da companhia, por 2,38 bilhões de reais. A venda deve ajudar o BTG Pactual a repor parte do dinheiro que deixou a instituição desde a prisão de Esteves na quarta-feira passada, acusado de interferir na operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga esquema bilionário de corrupção na Petrobras.
Na segunda-feira, duas fontes com conhecimento do assunto disseram à Reuters que o BTG Pactual negocia a cessão de cerca de R$ 4 bilhões em carteiras de empréstimos aos rivais Itaú Unibanco e Bradesco, também para reforçar suas finanças.
A BM&FBovespa informou que suspendeu as negociações com as units (conjunto de ações) do banco BTG Pactual até as 14h (de Brasília), enquanto aguarda esclarecimentos sobre a alteração.
História
A saída de Esteves é um golpe duro que o próprio executivo já havia feito no passado. Ele chegou à direção do Pactual, banco que foi o embrião do BTG e que foi vendido ao UBS, depois do afastamento do fundador da instituição, Luiz Cezar Fernandes. Esteves era conhecido como “pupilo” de Fernandes, mas arquitetou a saída do mentor quando este tinha problemas financeiros.
Esteves comprou gradativamente ações do banco a ponto de ter poder para, com outros sócios, organizar a saída de Fernandes. Eles compraram as ações do fundador do Pactual em troca de empréstimos para que ele quitasse suas dívidas, em 1998.