O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, admitiu nesta quarta-feira (21) que existe risco alto de se repetir, em janeiro, o quadro de desabastecimento de gás para a indústria e o combustível veicular. Isso ocorrerá caso seja aprovada a nova curva de aversão ao risco que está em consulta pública até 7 de dezembro. A nova curva aumenta para 61% o volume de água considerado seguro nos reservatórios, que hoje está em 52%.
Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), no último dia 18, o nível dos reservatórios nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste estava em 50,32%.
Na Região Nordeste o nível estava em média em 33,08%, enquanto, na Região Norte, suprida basicamente por Tucuruí, o nível estava em 32,24%. Na Região Sul, a situação está mais confortável com os reservatórios atingindo níveis de 76,79%.
Ainda que chova bastante em dezembro, os técnicos consideram difícil encher os reservatórios mais do que 61%, o que obrigará que todas as térmicas atendidas pela Petrobras sejam acionadas para garantir o fornecimento de energia. Com isso, novamente seria reduzida a entrega de gás às distribuidoras para outras finalidades.
- Vamos ter problemas de alocação de gás, talvez assemelhados ao que aconteceu no mês passado. Talvez mais organizado, mas teremos problemas - disse Kelman.
A nova curva está sendo estudada porque o cenário mudou: o país não conta com mais de 2 mil MW da Argentina e não pode contar com todas as térmicas do país porque não há gás suficiente para todos. A sugestão foi feita pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) na terça-feira à Aneel.
No início do mês, a crise foi exposta assim que o Operador Nacional do Sistema requisitou o envio de gás da Petrobras para o funcionamento de usinas térmicas a gás. Na época, o ONS negou o risco de racionamento e disse que os reservatórios estavam em níveis confortáveis. A demanda foi feita porque o custo da energia térmica a gás estaria mais baixo que o da hídrica, devido ao período de estiagem.
Diante da determinação, a Petrobras reduziu o envio de gás à CEG, CEG Rio e Comgás, em São Paulo. No Rio, as empresas cortaram o abastecimento de gás natural veicular nos postos e de gás para grandes indústrias. O estado, então, ganhou na Justiça uma decisão liminar para que a estatal normalizasse o abastecimento nos mesmos níveis que vinham sendo fornecidos às distribuidoras.
Desde então, a estatal e a CEG disputam a questão na Justiça, e o governo já admitiu que poderá desestimular o uso do gás no país.
A Petrobras, por sua vez, confirmou um reajuste dos preços entre 15% e 25% ao longo dos dois próximos anos.