A Copel tem até 30 de setembro para entregar à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) um plano de recuperação para sanar as dívidas que, na avaliação do órgão regulador, ameaçam a qualidade de seu serviço de distribuição de energia. O prazo foi determinado em ofício datado de 30 de julho, trazido a público pelo senador Roberto Requião (PMDB).
O pedido não significa, porém, que a Copel toda esteja no vermelho. Por meio de subsidiárias, a estatal atua em quatro frentes, da geração de energia a telecomunicações. O balanço financeiro mais recente aponta que, no conjunto, a estatal acumulou lucro líquido de R$ 650 milhões no primeiro semestre, 29% mais que no mesmo período de 2012.
O que gerou o alerta da Aneel foi o desempenho da Copel Distribuição, que no primeiro trimestre havia tido prejuízo de R$ 67,7 milhões. Para o presidente da Copel, Lindolfo Zimmer, o pedido da Aneel se baseia na performance do início do ano. "A carta refere-se ao 1.º trimestre, que já passou faz tempo", afirma o executivo, que acredita haver desconhecimento da reguladora sobre as finanças atuais da empresa.
Ele reconhece, no entanto, que a subsidiária de distribuição "tem fragilidades". Entre os problemas, cita reflexos de duas decisões do governo federal: o alto preço da energia térmica contratada e o plano que baixou em 18% as contas residenciais de luz em 2013.
Segundo Zimmer, a empresa vai apresentar à Aneel o plano de redução de custos implantado neste ano. O ponto central é o programa de demissão voluntária, que já convenceu 1.047 funcionários a deixar a empresa. Mas o plano entregue à reguladora deverá trazer reformulações nas medidas originais, que previam "horizonte mais curto", nas palavras do presidente a agência pediu que o planejamento preveja ações até 2025. Para Zimmer, o atual índice de endividamento da Copel 25,2% do patrimônio líquido é "saudável".
A Aneel informou ontem que a avaliação expressa no ofício "reflete uma rotina cautelar da Superintendência de Fiscalização Econômica e Financeira" e pode ser rebatida pela estatal. Isso significa ainda que sanções à companhia estão longe da iminência. "O processo decisório [sobre punições] cabe à Diretoria Colegiada da agência", informou a Aneel, em nota.