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Termelétricas, como a de Araucária, passarão a receber de acordo com seu custo de operação | Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo
Termelétricas, como a de Araucária, passarão a receber de acordo com seu custo de operação| Foto: Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo

Relógio

Térmica reduz ganhos do horário de verão, que começa no domingo

Folhapress

O horário de verão deste ano, que começa à zero hora do próximo domingo em dez estados e no Distrito Federal, deve representar uma economia menor do que a registrada no ano passado em razão da forte estiagem, segundo o secretário de Energia Elétrica, Ildo Grüdtner. Com os reservatórios das hidrelétricas em baixa, mais térmicas tiveram de ser acionadas neste ano. Essas fontes de energia são mais caras, além de mais poluentes.

De acordo com Grüdtner, a expectativa é que a redução do uso de termelétricas por causa do horário de verão vá gerar uma economia de R$ 278 milhões. No horário de verão passado, o governo calculou uma economia de R$ 405 milhões.

O governo estima que a redução de demanda de energia no horário de ponta (entre 18 e 21 horas) no Sudeste/Centro-Oeste vá ser de 1.970 megawatts (MW). No Sul, a redução da demanda nesse horário é estimada em 625 MW, o equivalente a 75% da demanda de Curitiba. No domingo, o relógio deverá ser adiantado em uma hora. Esta será a 39ª edição do horário de verão.

O governo quer reduzir à metade o preço-teto da energia no mercado de curto prazo, o chamado Preço de Liquidação de Diferenças (PLD). O novo valor proposto, hoje em R$ 822,83 por megawatt-hora (MWh), não poderá ultrapassar R$ 388,04, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Se aprovado o plano, que está aberto para audiência pública até 10 de novembro, o novo valor passaria a valer a partir de janeiro.

A proposta ocorre em um momento delicado para o setor, já que o custo da energia voltou a ficar próximo do teto. Na semana passada, esse valor atingiu R$ 808,68/MWh em todas as regiões do país. Com esse preço, boa parte dos geradores poderia não se interessar em vender energia no leilão marcado para o dia 5 de dezembro, a exemplo do que ocorreu no ano passado. Isso gerou um custo bilionário para as distribuidoras, que atendem o consumidor final.

A mudança vem acompanhada de uma polêmica: a forma de remuneração das usinas que geram energia a um preço mais caro que os R$ 388,04 propostos. Hoje, esse custo é pago por todos os consumidores por meio do Encargo de Serviço de Sistema (ESS). A partir do próximo ano, esse gasto seria dividido apenas entre os chamados consumidores expostos, ou seja, sem contratos de energia.

O diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, negou pressões do governo para reduzir o preço da energia no mercado e evitar um novo fracasso no leilão. "Essa proposta reflete nossa melhor convicção. Não houve pressão nem pedido do governo para mexer no PLD. É claro que o contexto deste ano, com a permanência do PLD muito próximo do teto o ano todo, é um elemento a mais que foi levado em consideração", afirmou.

De acordo com análise do banco BTG Pactual, a mudança proposta criaria dois grupos distintos. Um formado pelos "vencedores" com a medida, caso de Tractebel e AES Tietê, que podem ser obrigadas a comprar energia no mercado de curto prazo caso a falta de chuvas dificulte a geração hídrica do país. O outro grupo, dos "perdedores", seria formado por Cesp, Cemig e Copel, que têm excedente de energia para vender no mercado à vista.

Além das estatais, usinas térmicas sem contrato de venda de energia e com custo de geração superior ao novo teto também passariam a ganhar menos. Hoje, qualquer usina nessa situação recebe R$ 822,83 por MWh. Na nova proposta, receberiam exatamente o valor que corresponde ao seu custo de operação.

Reação

O presidente da Thymos Energia, João Carlos Mello, avalia que a medida é um casuísmo. "É uma intervenção casuística que beneficia quem não foi prudente e não se contratou."

Já o professor Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), elogia: "Esta é a melhor notícia do setor nos últimos dois anos. Vejo como muito positiva essa solução, absolutamente técnica", diz. "O valor de R$ 822,83/MWh não tinha qualquer representatividade efetiva em relação ao custo de operação no país". O custo de geração térmica, segundo ele, está em torno de R$ 380/MWh.

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