Representantes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e de montadoras estiveram na tarde desta sexta-feira (19) com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, para solicitar que autopeças usadas pelas empresas automotivas brasileiras e a importação de veículos - basicamente de luxo - não entrassem na lista de retaliação que o governo brasileiro deve apresentar até o dia 1º de março para os produtos dos Estados Unidos.O embate entre os dois países se dá por causa de subsídios concedidos ao agricultor de algodão norte-americano e que foram considerados abusivos pela Organização Mundial de Comércio (OMC). Além de Stephanes, os executivos também entraram em contato com os demais seis ministérios que compõem a Câmara de Comércio Exterior (Camex). No Ministério da Agricultura, os representantes das montadoras não quiseram falar com a imprensa.
Além da possibilidade de encarecer os produtos brasileiros, a maior preocupação dos representantes das montadoras é a de que uma retaliação do Brasil aos Estados Unidos neste momento poderá prejudicar as exportações futuras para aquele país. O raciocínio é o de que os EUA passem a adquirir carros mais compactos do que os fabricados no país por causa ainda dos desdobramentos da crise financeira, e o país com maior potencial de venda desses automóveis de menor porte é o Brasil.
Segundo Stephanes, o valor dos produtos importados pelo Brasil pela área automotiva é insignificante, apesar de ele não saber exatamente a quantia. "Acho legítima a colocação", comentou o ministro. Na próxima segunda-feira (22), os técnicos dos ministérios que compõem a Camex estarão reunidos para terminar de fechar a lista.
O ministro da Agricultura ressaltou "ser óbvio" o desejo da pasta de ter os produtos agrícolas contemplados nessa lista de retaliação da Camex. "Gostaríamos que os produtos agrícolas fossem contemplados direta ou indiretamente. É evidente que o Ministério tem interesse", disse. Caso os Estados Unidos sinalizassem com a possibilidade de acordo entre as partes, Stephanes defenderia o desenvolvimento de pesquisa, principalmente em relação a doenças que atacam o algodão, como o bicudo.
Na lista, Stephanes enfatizou que gostaria de ver retaliação ao trigo importado dos Estados Unidos. Em 2008, a compra chegou a US$ 300 milhões. Além desta medida, o ministro também proporá que a Camex aumente a Tarifa Externa Comum (TEC) de importação do trigo de 10% para 20%.