A cultura do investimento-anjo ganhou espaço na carteira de grandes investidores do país que querem diversificar seu portfólio e apostar em uma nova geração de empreendedores. Agora, para voar mais alto e minimizar riscos, os anjos passaram a se reunir em redes com o objetivo de compartilhar aplicações e conhecimentos. Com isso, startups que procuravam um único anjo já podem ser apadrinhadas por uma legião.
INFOGRÁFICO: Veja o perfil dos investidores-anjo do país
Segundo a organização Anjos do Brasil, existem 12 grupos no país que reúnem um total de 240 investidores. Um número ainda pequeno comparado ao mais de 6 mil investidores-anjo no Brasil, mas que tende a crescer rapidamente. "O investimento coletivo mostrou ser a melhor prática internacionalmente e é a nossa recomendação para quem quer se tornar um anjo", diz Cássio Spina, sócio-fundador da entidade.
As redes surgiram também como alternativa para quem quer investir como pessoa física e apostar em segmentos dos quais tem pouco conhecimento, como tecnologia. "Vários membros do grupo já tinham feito investimentos sozinhos e acreditam que, em nosso modelo, somos mais criteriosos, identificando problemas que individualmente as pessoas talvez não identificassem", afirma o curitibano Magnus Arantes, fundador da HBS Alumni Angels of Brazil, que reúne ex-alunos da Universidade de Harvard.
Com cerca de 100 participantes, o grupo já apadrinhou cinco projetos, somando um investimento que se aproxima dos R$ 5 milhões.
Capital inteligente
Com reuniões periódicas, os grupos avaliam projetos pré-selecionados e dividem o investimento, que geralmente vai até R$ 500 mil por empresa. Para participar, é importante o investidor ter consciência de que o retorno se dá a longo prazo e, por isso, contar com um patrimônio líquido significativo. Porém, mais que dinheiro, os empreendedores buscam o chamado smart-money, ou capital inteligente, no qual o investidor divide seus conhecimentos e rede de relacionamentos para potencializar as chances de sucesso da empresa.
"É a inteligência coletiva que aumenta a capacidade de impulsionar os empreendimentos. Precisamos de capital, expertise e disposição para liderar novos projetos", diz Allan Costa, cofundador do Curitiba Angels, rede de investidores lançada em junho deste ano.
A proposta do grupo, hoje composto por cerca de 20 pessoas, é investir em várias empresas curitibanas, comprometendo um valor máximo de R$ 50 mil por investidor.
"A vantagem é a diversidade da experiência. Cada um deles é um mentor que nos ajuda com diferentes perspectivas do negócio", diz Vitor Torres, sócio e cofundador da Contabilizei, primeira startup a receber investimento do grupo.
Rede Senai
A capital paranaense conta ainda com a Rede de Investidores-Anjo do Paraná, iniciativa do Senai que recentemente selecionou o site Reclamão para seu primeiro investimento.
"Todo empreendedor gosta de fazer negócios, dar palpite e ajudar. As empresas que serão grandes daqui dez anos estão nascendo agora e nós podemos contribuir", diz Bernardo Quintão, membro da rede e líder do investimento.