Os trabalhadores que negociaram reajustes salariais em 2005 obtiveram os melhores resultados dos últimos 10 anos. É o que mostra o balanço das negociações coletivas no Brasil em 2005, divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na tarde desta quinta-feira (9).
Segundo o Dieese, que realiza pesquisas sobre reajustes desde 1996 em 18 capitais, os resultados representam um ponto positivo na recomposição do poder aquisitivo dos trabalhadores. Do total de 640 negociações registradas pelo Sistema de Acompanhamento de Salários (Sas-Dieese), em 88% das negociações trabalhistas as categorias conseguiram reajustes salariais acima ou iguais à inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE), parâmetro para as negociações. As situações em que persistem as perdas salariais dos trabalhadores caíram de 12% (2004) para 7% em 2005.
Números favoráveis
A área industrial foi a que mais cedeu nas negociações com os sindicatos trabalhistas foi a indústria, resultando em 48% do total. Já no setor de serviços, em 40% dos casos os trabalhadores foram atendidos e 12% correspondem ao comércio. A maioria dos reajustes negociados em 2005 foi integralmente incorporada aos salários no momento da data-base. Do total, apenas em 4% das situações o parcelamento dos percentuais de correção salarial foi adotado.
Já no levantamento por regiões, os trabalhadores das regiões Centro-Oeste e Sudeste foram os que mais obtiveram sucesso nas negociações salarias, nos quais 81% conquistar aumentos reais, percentual pouco superior ao verificado para as categorias nacionais (cerca de 78%). Em seguida vem o Sul, com 69%. O cenário menos favorável foi identificado na Região Norte, onde aproximadamente um quarto das negociações resultou em reajustes insuficientes para repor a inflação acumulada em 12 meses.
O período mais frutífero para as negociações foi entre julho e dezembro, com 83% de sucesso nas negociações. Já entre janeiro e junho este número cai para 67% que renderam aumentos reais de salários. Os acordos coletivos ainda são a melhor escolha para os setores trabalhistas. Em 74% das negociações, os acordos obtiveram reajustes superiores ao INPC-IBGE. Já nas chamadas convenções coletivas de trabalho, os números ficaram em 71% de êxito.
Resultados
O melhor resultado que havia sido apurado pelo Sas-Dieese era de 2004, quando se observou início da reversão da tendência de negociações desfavoráveis aos trabalhadores, que se iniciou em 2001 e teve seu pior momento em 2003. Em 2004, 81% dos documentos analisados resultaram em recomposição salarial integral.
Das negociações de 2005, 72% estipularam reajustes salariais acima da inflação acumulada em um ano. Outras 16% tiveram reajustes iguais ao INPC e somente 12% ficaram abaixo deste índice.