Os acordos salariais fechados pelos trabalhadores brasileiros no ano passado foram os melhores dos últimos onze anos, revela estudo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Das 656 categorias analisadas, 96% conseguiram, no mínimo, garantir a reposição integral da inflação, taxa mais alta já registrada pelo Dieese, desde o início da pesquisa, em 1996. Na grande maioria dos acordos, 86%, os trabalhadores conseguiram ganho real de salário, ou seja, o aumento obtido superou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do IBGE, usado nas negociações.
De acordo com o Dieese, as negociações foram favorecidas pelo desempenho econômico do país e pela inflação estabilizada em patamar baixo. Os analistas ressalvam, porém, que resultado positivo do ano passado não foi suficiente para compensar as perdas salariais apuradas entre meados da década de 90 e início dos anos 2000. Entre 1996 a 2003, aproximadamente 43% dos acordos salariais resultaram em reajustes inferiores à inflação.
Em 2003, quando foi constatado o pior resultado das negociações de reajustes salariais desde o início da pesquisa quase 60% dos acordos não garantiram sequer a reposição inflacionária e menos de 20% deles obtiveram aumentos reais de salários. Em 2005, pouco mais da metade dos acordos com ganhos acima da inflação tiveram ganhos reais de mais de 1%. Já em 2006, 70% dos aumentos superaram essa faixa.
Entre os setores da economia, os aumentos reais de salários foram menos freqüentes no setor de serviços: 81% contra 91% no comércio e 89% na indústria. Os acordos com aumentos reais de salários foram maiores no segundo semestre, reflexo da queda da inflação acumulada e do aumento do nível de atividade econômica, também maiores neste período.
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