Rio de Janeiro O Brasil terá álcool suficiente para enfrentar a entressafra de cana-de-açúcar sem grandes pressões nos preços. A conclusão é do primeiro estudo sobre demanda de álcool anidro e gasolina feito pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), em um trabalho para evitar a repetição da crise do início deste ano. Na semana passada, o preço do álcool combustível atingiu o menor nível desde janeiro, a R$ 1,545 por litro, em média, nos postos brasileiros. O valor é 22% menor do que o pico do ano, em abril.
Segundo as projeções da ANP, o mercado brasileiro vai consumir cerca de 5,1 bilhões de litros de álcool anidro (que é misturado à gasolina) até junho de 2007, quando a colheita da próxima safra começará a fazer efeito. O estudo considerou a demanda de gasolina no período, com uma mistura de 20% de anidro, porcentual vigente desde 1.º de março, quando o governo decidiu reduzir a mistura para conter a escalada dos preços.
"O mercado está garantido, de acordo com a safra atual, e teremos tranqüilidade de preços", afirma o superintendente de abastecimento da ANP, Roberto Ardenghy. Ele frisa, porém, que o estudo não considera eventuais aumentos na exportação de álcool, que poderiam desequilibrar a relação entre oferta e demanda. Nesse caso, seriam necessárias novas reduções no porcentual de anidro na gasolina para evitar disparada de preços. "Mas hoje temos condições de prever quanto vai se exportar em um prazo de 90 dias, o que é suficiente para determinarmos mudanças na mistura."
Segundo Ardenghy, se não houver grandes volumes de exportações, o estoque atual permite um aumento do porcentual de álcool na gasolina para até 22%, sem grandes impactos no preço final do produto. A mudança na mistura é pleiteada pelos usineiros, que já começam a sentir a reclamar da queda acentuada dos preços nas últimas semanas.