Com a intenção de diminuir o conflito entre operadoras de saúde, médicos e prestadores de serviços, um grupo de trabalho da Agência Nacional de Saúde (ANS) estuda um novo modelo para definir o cálculo que determina o valor cobrado pelos planos de saúde. Hoje, é levado em consideração apenas o número de procedimentos e consultas realizados, mas, segundo a agência, essa metodologia induz à busca por quantidade e não prima pela medicina preventiva. Em outra frente, a Associação Médica do Paraná (AMP) começou ontem, em uma reunião com cerca de 200 profissionais, uma mobilização para reivindicar o aumento dos honorários pagos pelos planos de saúde por consulta realizada.
Segundo a assessoria de imprensa da ANS, o primeiro resultado das discussões deve ser apresentado em seis meses.O grupo está avaliando as práticas adotadas em outros países, com uma possível adaptação ao mercado brasileiro. Um dos modelos em estudo é o utilizado pela operadora norte-americana Kaiser baseado em critérios de qualidade, desempenho dos médicos e bem-estar dos pacientes.
O presidente da AMP, José Fernando Macedo, diz que não acompanha de perto o grupo de estudos da agência nacional, mas que o modelo norte-americano é "furado". "Ele é bom apenas para as operadoras. Para eles, quanto menos exames, melhor, em detrimento da boa medicina", afirma.
Preço da consulta
Segundo dados da AMP, os médicos do estado recebem entre R$ 15 e R$ 49 por consulta remuneração considerada "insignificante". "Quem paga os gastos do meu consultório sou eu, não a operadora. Estamos trabalhando para remunerar um intermediário dos nossos serviços." Segundo Macedo, as despesas consomem R$ 37,50 dos R$ 42 pagos por uma consulta. "Para o médico sobra R$ 4,50."
A AMP defende que o valor mínimo de uma consulta seja de R$ 80. Por nota, a Amil Paraná afirmou que "entende como justa a reivindicação" dos médicos e que a "empresa está avaliando o reajuste e os novos valores a serem praticados".
Outras operadoras, no entanto, alegam que reajustar os valores pagos para os médicos terá impacto nos custos. A Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) no Paraná informou que não vai se pronunciar sobre o assunto, por recomendação da entidade nacional.
Questionada sobre o impacto de possíveis reajustes nos valores pagos pelos clientes, a Abramge PR/SC informou em nota que, "no caso dos planos particulares, é a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que determina os valores de reajustes nas parcelas". Para os planos empresariais, ainda de acordo com a entidade, "a consulta tem uma parcela na composição do cálculo da sinistralidade dos contratos, que inclui também gastos com internamento e exames complementares. Sendo assim, no cálculo do valor de reajuste destes contratos não é apenas a consulta que é levada em consideração."
A partir da reunião de ontem à noite, AMP, Conselho Regional de Medicina do Paraná (ARMPR) e Sindicato dos Médicos do Paraná (Simepar) pretendem elaborar uma pauta de reivindicações para ser discutida com entidades que representam os planos. A Unimed não se pronunciou.
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