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Crédito

Antecipar 13.º salário tem mais riscos que benefícios

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Veja as taxas cobradas pelos principais bancos |

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Veja as taxas cobradas pelos principais bancos

Adiantar o 13.º salário custará entre 2,7% e 4,1% de juros ao trabalhador que, ansioso por receber o benefício, contratar o crédito antecipado oferecido pelos bancos. O serviço, vendido pelas instituições bancárias como "antecipação" do benefício, pode ser usado para despesas urgentes ou liquidação de dívidas que tiverem juros mais altos. No entanto, especialistas em finanças pessoais alertam para os riscos de endividamento causados pela pressa em receber o dinheiro de fim de ano.

Os bancos costumam oferecer esse crédito no início do quarto trimestre. O cliente recebe o valor de seu 13.º salário, já descontados os juros e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O empréstimo é quitado em dezembro, após a data-limite estipulada em lei para o pagamento do benefício (veja quadro).

Marcos Renato Coltri, gerente executivo de empréstimos e financiamento do Banco do Brasil, vê uma rápida evolução na modalidade. "Em 2007, o antecipado totalizou R$ 173 milhões. Agora, em 2010, registramos R$ 800 milhões até setembro. Até o fim do período, devemos ultrapassar R$ 1 bilhão", prevê.

Coltri considera a antecipação uma operação rápida e pouco onerosa. "A contratação é desburocratizada, feita pela internet. O cliente pode usar sem comprometer o orçamento mensal, e aplicar o dinheiro para suprir necessidades de curto prazo ou em uma promoção que considerar interessante. Está sendo também muito usada para liquidar uma operação financeira de juros mais altos ou cobrir dívida de cheque especial ou cartão de crédito", relata. No Banco do Brasil, os juros para o empréstimo vêm caindo nos últimos seis anos. Em 2005, a taxa pré-fixada era de 3,8%, contra 2,7% em 2010 – entretanto, empregados cujos patrões não tenham convênio com o BB pagam 4,1%.

Os juros do adiantamento são mais baixos que os de cartão de crédito e cheque especial porque o período do contrato é curto. Também é considerada pelos bancos a taxa de inadimplência. Na média de todas as operações de crédito à pessoa física, o índice de calote cai quase sem parar desde meados de 2009 e, como o 13.º é um dinheiro "garantido", teoricamente a inadimplência da antecipação será ainda menor. Mas aí se esconde uma potencial armadilha: caso o cliente perca o emprego, receberá um 13.º proporcional aos meses trabalhados, mas terá de saldar o empréstimo feito sobre o ano cheio.

Drible psicológico

Mauro Calil, administrador de empresas e palestrante do Instituto Nacional de Investidores, que atua com educação e orientação para investimentos, explica o "drible psicológico" feito pelos bancos para que o consumidor não sinta o incômodo pelo endividamento. "No caso de um empréstimo normal, o banco empresta R$ 1 mil, por exemplo, e depois cobra R$ 1,1 mil [os juros, nesse caso de R$ 100, são cobrados no dia do pagamento]. No antecipado de 13.º salário, se esse benefício for de R$ 1 mil, o banco vai emprestar R$ 900 [supostamente "descontando" de imediato os juros] e depois recolherá os R$ 1 mil originais."

Em relação ao uso do 13.º, Calil recomenda conter a empolgação. "Se você viveu 11 meses com um determinado salário e manteve um padrão de consumo adequado, não tem por que em dezembro, quando a renda dobra, o padrão de consumo dobrar também. Se precisar comprar presentes para amigos e familiares, é recomendável gastar 50% do benefício e guardar a outra metade. No ano seguinte vão chegar outras contas, como impostos e material escolar. A reserva vai ajudar nisso", lembra.

Samir Bazzi, economista e professor de Administração Financeira do FAE Centro Universitário, recomenda cautela. "O cliente precisa avaliar para saber se o empréstimo [a antecipação do 13.º] é necessário. Se for embalado pela onda de consumismo, acaba gastando seu benefício não para suprir uma necessidade, e sim para fazer mais uma dívida", ressalta.

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Que razões levariam você a antecipar o 13º salário em alguns meses, mesmo tendo de pagar juros por isso?

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