Os economistas descartam um calote “clássico” da dívida porque seria catastrófico. A moratória não prejudicaria apenas os ricos estrangeiros que investem aqui; mexeria também com todos os bancos, fundos de investimento, fundos de previdência e seguradoras que, por lei ou por opção, emprestam ao Tesouro.

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Por extensão, afetaria todas as pessoas que tenham dinheiro aplicado em alguma dessas opções. Pode-se tomar o confisco da poupança, no governo Collor, como parâmetro.

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O calote via inflação também seria traumático. “Correríamos o risco de voltar a um cenário parecido com o dos anos 1980. Precisaríamos de um ‘Plano Real 2’, ou até algo mais ousado, para reorganizar a economia”, diz Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset Management.

Antes de tudo isso acontecer, no entanto, a tendência é de que a dívida pública fique mais curta e cara. Se aumenta a desconfiança sobre a capacidade de pagamento do governo, os investidores tendem a exigir juros mais altos e um prazo de resgate mais curto para emprestar ao governo.

Nesse cenário, haveria uma migração de títulos prefixados e indexados à inflação, que hoje compõem mais de 70% da dívida, para pós-fixados vinculados à Selic. Em relatório, a consultoria Rosenberg Associados afirmou que, em uma situação extrema, o prazo médio da dívida, hoje ao redor de quatro anos e meio, poderá cair a um dia, como no passado.

Para o economista Mansueto Almeida, um sinal de que os investidores estão mais exigentes está nas operações compromissadas, em que o Banco Central vende um título com a promessa de recomprá-lo no curto prazo. Em janeiro, o estoque dessas transações passou de R$ 1 trilhão, o equivalente a um quarto da dívida total. E as operações com vencimento inferior a três meses, que representavam 69% das compromissadas em setembro, chegaram a 84% do total em janeiro

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