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Comércio

Antes do estouro da crise, varejo já mostrava cautela com crédito

Venda de automóveis, que vinha crescendo 24% ao ano, diminuiu o ritmo para 3% em agosto. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Venda de automóveis, que vinha crescendo 24% ao ano, diminuiu o ritmo para 3% em agosto. (Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo)

Apesar de a crise financeira ter se intensificado em setembro, o comércio brasileiro começou a sentir algum efeito da turbulência internacional um mês antes, segundo avaliação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para o coordenador de pesquisa mensal de comércio, Nilo Lopes de Macedo, agentes econômicos temerosos com o agravamento da situação passaram a ser mais rigorosos na concessão de crédito e elevaram as taxas de juro.

Esse aumento afetou as vendas do setor em agosto. Segundo Lopes, ainda que o patamar de expansão das vendas tenha se mantido em nível elevado, o varejo nacional mostrou desaceleração dos resultados na maior parte das atividades pesquisadas. O motivo seria a maior cautela das empresas em conceder financiamento aos consumidores, já na iminência da crise financeira internacional.

Das 10 atividades pesquisadas pelo IBGE, sete desaceleraram o crescimento em agosto na comparação com o mês anterior e oito mostraram perda de ritmo em relação a igual mês do ano passado. "Com alguma restrição na concessão de crédito, as atividades mais vinculadas ao crédito, como material de construção, eletrodomésticos e automóveis sofrem impactos imediatos", disse Lopes. As vendas de móveis e eletrodomésticos aumentaram 1% em agosto ante mês anterior e 13,1% ante igual mês do ano passado. Em julho, os resultados para essa atividade haviam sido, respectivamente, de 1,3% e 19,7%.

No caso de material de construção, a variação nas vendas passou, ante mês anterior, de 1,1% em agosto para -1,6% em setembro e, ante igual mês do ano passado, de 19,3% para 2,4%. As vendas de automóveis, por sua vez, passaram de uma variação, ante mês anterior, de 0,6% em julho para -3,7% em setembro e, ante igual mês do ano passado, de 24,8% para 2,9%. Segundo Lopes, além do aperto no crédito, esses segmentos foram afetados também por uma "acomodação" em resultados muito fortes apurados em meses anteriores.

Juros

Segundo dados do Banco Central relembrados por Lopes para justificar a avaliação do impacto dos juros ao consumidor, a taxa de juros anual para aquisição de bens, exceto veículos, passou de 56,69% em junho para 57,89% em julho e 59,15% em agosto. No caso de veículos, passou de 31,09% em junho para 33,34% ao ano. No que diz respeito ao empréstimo pessoal, os juros passaram de 51,39% em junho para 54,49% ao ano em agosto.

As vendas de hiper e supermercados reagiram em agosto e garantiram bons resultados para o comércio varejista no mês, apesar da desaceleração na expansão de várias atividades, segundo o técnico do IBGE. Do crescimento total de 9,8% nas vendas do varejo em agosto ante igual mês do ano anterior, 3,8 pontos, ou 38,5% do total, vieram do grupo de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que responde por cerca de 40% da pesquisa e cujas vendas aumentaram 7,8% em agosto ante igual mês de 2007.

Lopes avalia que essa atividade vinha sendo bastante afetada pelos aumentos nos preços dos alimentos e voltou a reagir com a deflação dos produtos alimentícios em agosto. Além disso, segundo ele, esse segmento é menos sensível ao crédito do que as demais atividades do varejo.

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