A imagem de altíssima resolução está invadindo celulares, tablets, câmeras filmadoras e aparelhos de televisão. Na busca por uma definição cada vez maior, os fabricantes dos mais diversos produtos decidiram apostar de vez no chamado 4K, padrão tecnológico que permite uma nitidez quatro vezes superior ao já conhecido HD, usado atualmente na transmissão de diversos canais de TV por assinatura. A popularização da tecnologia, porém vai criar um efeito colateral: a explosão do consumo de dados e a necessidade da ampliação de infraestrutura.
A resolução do 4k é de 8,3 milhões de pixels, acima dos 2,1 milhões de pixels da definição em HD. Se até então a tecnologia estava restrita à exibição de conteúdo pelos televisores, agora ela vem ganhando espaço na mão dos consumidores, que estão filmando tudo que podem em 4K com seus celulares e jogando na rede. Dados do setor estimam que o recurso que permite filmar com ultra nitidez está presente em mais de 5% dos smartphones e tablets, número que deve dobrar até o fim deste ano.
Todos os fabricantes investem na novidade, com preços a partir de R$ 2,5 mil. A americana Apple inseriu o 4K a partir do iPhone 6S. Para isso, aumentou o tamanho do espaço interno para até 128 GB. No caso da versão 7, a memória vem com até 256 GB. O mesmo fez com os tablets. A versão Pro, a mais atual, conta ainda com recursos das câmeras filmadoras, como retroiluminação, controle de exposição e estabilização cinemática. A rival Samsung também tem investido em modelos de celulares com 4K — já são sete.
Recentemente, LG, Motorola e Sony lançaram novos modelos também com foco na qualidade de imagem. Com o novo G6, a LG aumentou o tamanho da tela e fez um design específico para permitir a captação de imagem com uma só mão. “Aumentamos a tela para 5,7 polegadas, sem aumentar o tamanho do produto”, disse Barbara Toscano, diretora de Marketing da LG.
Tecnologia deve impulsionar vídeos
Com mais qualidade, o consumidor corre para compartilhar os vídeos na internet. Assim, o aumento do consumo será exponencial, diz Hugo Baeta, diretor da Cisco Brasil. Segundo ele, o 4K vai fazer com que os vídeos passem dos atuais 61% do tráfego total das redes móveis no Brasil para 80% em 2021.
“O 4K tem um impacto na rede, pois é uma imagem de ultra definição. Como os celulares e os tablets já contam com essa capacidade de gravação, a tecnologia amadurece mais rápido”, fiz Beata.
A empresária Ticiana Szapiro gosta de estar sempre por dentro das novidades tecnológicas. Ela conta que agora está experimentando a gravação de vídeos em 4K via celular. “A qualidade de imagem é muito melhor. Gravando do iPhone 7 consigo assistir tudo na TV, que também é 4K”, disse Ticiana, que registrou o passeio no Museu do Amanhã, no Rio, com as amigas Camila Cabral e Evelyne Resende, todo em altíssima definição.
Celulares e tablets se espelham na investida bem sucedida da indústria de aparelhos televisores. Os produtos que reproduzem conteúdo filmado em 4K já respondem por 10% do volume vendido no país, diz a consultoria GfK. Para o fim deste ano, a expectativa dos fabricantes é que esse número chegue a pelo menos 18% do mercado total. A demanda veio acompanhada de uma queda de quase 50% nos preços somente no último ano.
Erico Traldi, gerente sênior de TV, Áudio e Vídeo da Samsung, afirma que o 4K é o foco da empresa. Segundo ele, a empresa já conta com metade de seu portfólio com a tecnologia. São ao todo 40 modelos, o que inclui as versões menores, de 40 polegadas, cujo preço caiu mais de 40%, passando de R$ 3.399 para R$ 1.999 em menos de um ano. “A queda no preço ajuda no ganho de escala. A diferença entre um HD e 4K pode chegar a apenas 10%.”
Testes para tv aberta
Outra gigante do setor, a Sony também vem investindo em tecnologia. Nos dois últimos anos, as vendas da companhia mais que triplicaram, com alta de 205%. Além de TV, a companhia vende câmeras filmadoras, celulares e home theater. Marcelo Gonçalves, gerente de Comunicação e Marketing da Sony Brasil, lembra que o 4K chegou para ficar.
“Nos EUA, já há canais de TV 4K. Nos televisores de tela grande, acima de 60 polegadas, o 4K tem fatia de 90% de mercado. Agora essa tecnologia começa a chegar nos produtos de entrada. Um modelo de 55 polegadas que saia a R$ 6 mil no ano passado hoje custa R$ 4 mil”, afirma Gonçalves.
As empresas de conteúdo também investem nesse segmento. A Globo tem produzido vários produtos em 4K, como minisséries e eventos esportivos, disponíveis para os usuários do Globo Play. Raymundo Barros, diretor de Tecnologia da Globo, cita ainda experiências de transmissão em 4K para conteúdos ao vivo, como esportes, pelo aplicativo. O executivo lembra que estão sendo realizadas transmissões experimentais em TV aberta, utilizando um canal temporário viabilizado pelo Ministério das Comunicações e pela Anatel, agência que regula o setor de telecomunicações no país:
“Além da definição, que é a propriedade mais conhecida do 4K, existem outros ganhos de qualidade que podem ser explorados, como maior gama de cores, sensibilidade à luz, além de áudio multicanal.”
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