Ao menos oito interessados — entre empresas e fundos de private equity — devem entregar propostas para a compra do controle da Via Varejo, empresa dona das operações das Casas Bahia e do Pontofrio. As ofertas devem ser feitas até hoje e não são vinculantes, ou seja os interessados podem desistir do negócio. Fontes que acompanham as negociações informam que entre os fundos de private equity interessados na Via Varejo estão os americanos Carlyle e Advent, dois dos mais ativos em aquisições no Brasil.
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O Advent atua em diferentes setores, como química (comprou a quantiQ, que pertencia à Braskem) e educação (com a Cesuca, faculdade gaúcha). Nesta semana, o fundo adquiriu uma participação minoritária na corretora de valores Easyinvest. Com participações em empresas de educação (Uniasselvi) e saúde (Rede D’Or), o Carlyle já atua no varejo à frente da rede de lojas de móveis e decoração TokStok.
Outro fundo na disputa, segundo fontes, seria o brasileiro 3G Capital, criado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira. O 3G controla as Lojas Americanas, tradicional rede de varejo. Procurados, os fundos não se manifestaram.
Já entre as empresas que podem apresentar proposta, especula-se que há interesse dos chineses do Alibaba, do grupo alemão Steinhoff e de uma empresa americana, que seria a Best Buy. Segundo a mesma fonte próxima ao negócio, os chilenos da rede varejista Falabella chegaram a olhar a Via Varejo, mas desistiram da disputa.
Os fundos teriam interesse na Via Varejo porque consideram que as ações da empresa estão sendo negociadas a um preço muito baixo na Bolsa de Valores. As units estão sendo vendidas por um valor próximo de R$ 11,00. Quando foram lançadas no pregão, em 2013, valiam R$ 23.
“Com a recuperação da economia e alguns acertos na operação da Via Varejo, há espaço para que as ações recuperem valor e possam chegar a um preço próximo ao do lançamento das ações”, diz a fonte.
Família Klein cogita vender sua parte ou voltar à gestão da Via Varejo
Depois desta fase, os interessados terão cerca de 40 dias para analisar o data room da empresa, com informações estratégicas e operacionais da companhia. Em seguida, aqueles que ainda seguirem interessados no negócio confirmam sua oferta. Essa etapa deve acontecer até a Páscoa, mas a conclusão ainda deve levar algum tempo e se arrastar até o fim do primeiro semestre.
Os franceses do Grupo Casino, que controlam o Grupo Pão de Açúcar, decidiram vender os 43,3% que detêm na Via Varejo no ano passado. Querem se concentrar no ramo alimentício (supermercados). A Via Varejo apresentou prejuízo de R$ 95 milhões em 2016 frente a um lucro de R$ 14 milhões em 2015. O prejuízo, segundo comunicado, resultou da queda nas vendas, associada ao aumento dos custos fixos da operação.
Já a família Klein, fundadora das Casas Bahia e que ainda detém 27,3% da Via Varejo, também estaria interessada em vender sua participação. O valor total da Via Varejo é estimado em R$ 4 bilhões, enquanto a participação dos Klein é calculada em pouco mais de R$ 1 bilhão.
Segundo uma fonte próxima à família, os Klein vão analisar as ofertas e decidir se vendem sua fatia ao mesmo grupo que comprar a parte do GPA. Mas existe também a hipótese de a família permanecer como minoritária no negócio. Hoje, os Klein estão afastados da gestão da Via Varejo, que é tocada no dia a dia pelos executivos do Grupo Pão de Açúcar.
“Os Klein poderiam voltar à gestão num possível acordo com um dos fundos compradores e juntos teriam mais de 70% das ações. A Via Varejo é um negócio que precisa de alguém com a “barriga no balcão” para tocar o dia a dia. E ninguém melhor que Michael Klein, que conhece as Casas Bahia a fundo, além de ter um apelo emocional pelo negócio” avalia um consultor especializado em varejo.
Preparação para a venda
A administração do GPA já vem tomando algumas decisões para deixar a Via Varejo mais azeitada para a venda. Por exemplo, uniu as operações de internet e das lojas físicas, o que deve melhorar a logística de entrega de produtos. Os centros de distribuição de ambas também estão sendo unidos.
“Em alguns casos, faltavam produtos no estoque da loja física, mas havia no estoque da internet. Mas a entrega não podia ser feita porque se tratavam de empresas diferentes”, diz uma fonte com conhecimento da operação da Via Varejo.
Esses pequenos ajustes, segundo fontes próximas ao negócio, melhoram o valor da Via Varejo. Os bancos Santander, HSBC e Rothschild estão assessorando a transação.
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