Siqueira Campos – "Empresário: investir em Siqueira Campos dá certo", diz uma placa à frente do pequeno distrito industrial do município de 20 mil habitantes, localizado no Norte Pioneiro, a 310 quilômetros da capital. Ao menos para os irmãos Leodir, Altair e Flávio Roberto Bonilha, a promessa se cumpriu. Apaixonados por motocicletas, eles tinham em Curitiba uma fábrica de fundo de quintal, que produzia artesanalmente até 30 escapamentos por dia. Com o tempo, o número de funcionários cresceu para 35, o espaço foi ficando pequeno, e quatro anos depois da fundação os Bonilha decidiram voltar à região de origem da família para ampliar as instalações. Em um terreno doado pela prefeitura, construíram uma indústria de 40 mil metros quadrados que hoje produz 3 mil acessórios para motos, num total de 3,5 milhões de peças por ano. Aos 17 anos, a Tork já é a maior fabricante dos produtos na América Latina.

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"A vantagem é que nossa fábrica fica relativamente perto de São Paulo e Curitiba, dois importantes mercados", diz o irmão mais novo, Flávio Roberto, o Beto, de 31 anos. Ex-piloto profissional de motocross, está voltando a correr, por hobby (em outubro de 2005, ele rompeu os ligamentos do joelho após um acidente com sua moto). A grande cartada, diz Beto, foi ter uma nova fábrica pronta pouco antes do forte crescimento vivido pelo mercado nacional de motocicletas, que ganhou impulso na metade da década passada.

Pelo menos 90% dos acessórios produzidos pela Tork são para motos de rua, mas a linha para competição – que leva o nome Pro Tork – é a mais conhecida no ramo, graças a pesados investimentos em marketing. Desde 2000, a empresa apóia pilotos de motocross, e em 2006 os Bonilha decidiram criar sua própria equipe para disputar o Campeonato Brasileiro.

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Com 950 funcionários no município, 100 deles em uma fábrica de capacetes e uniformes para motoqueiros construída há um ano, a Tork deu um considerável impulso ao comércio de Siqueira Campos. "Antes, você só encontrava uma geladeira melhor indo para Santo Antônio da Platina. Hoje já tem por aqui sete ou oito lojas brigando para vender eletrodomésticos." Ele não revela o faturamento anual da indústria, mas, a partir dos preços de seus principais produtos, pode-se concluir que a receita passa de R$ 35 milhões por ano – a arrecadação da prefeitura do município não chega a R$ 10 milhões.

A fábrica de capacetes da Tork, que produz cerca de 2 mil unidades por dia, terá em breve o dobro dos atuais 5 mil metros quadrados. Ela precisa de espaço para acondicionar a estrutura que comprou há quatro meses da paulista Ultragrip, fabricante de botas e macacões.

A empresa não fabrica as motos propriamente ditas no segmento de rua mas já começa a entrar na briga na área de competições. Desde meados de 2005, fabrica mini-motos de 50 cilindradas para competição. O único componente que vem de fora (da China) é o motor. Em um ano, a empresa já vendeu cerca de 700 unidades, todas feitas sob encomenda. (FJ)