Enquanto os títulos atrelados aos índices de inflação lideraram as opções de investimentos no primeiro semestre, com rendimentos de 6,92% (IPCA) e 6,02% (IGP-M), a Bovespa fechou o período como a pior aplicação para o brasileiro (-9,96% até 30 de junho, e continua caindo). Segundo especialistas, o mau desempenho das ações pode significar que o momento é de aproveitar a baixa e comprar papéis. É o que fez psicóloga e professora universitária Samanta de Toledo Martins Boehs, que decidiu dar uma nova chance à bolsa.
Em 2008, ela investiu num fundo de ações, mas perdeu dinheiro naquele ano, a bolsa caiu impressionantes 41%, devido ao estouro da crise americana. No ano seguinte, em 2009, porém, não só recuperou a perda como cresceu de forma significativa, fechando o ano com valorização de 82%. "Na primeira tentativa, comprei os papéis quando eles estavam muito caros. Desta vez, quero aproveitar essa época de baixa", afirma ela, que investiu em um fundo de ações no mês passado.
"Sempre tive em mente que uma parcela dos meus investimentos fica na renda fixa e outra, na variável", afirma a psicóloga. Por enquanto, Samanta é conservadora, deixando apenas cerca de 5% de seus investimentos em títulos variáveis, e não pretende passar dos 30%, como recomendam especialistas em finanças pessoais.
Otimismo
O cenário para a Bovespa é mais positivo no segundo semestre, confirma o sócio de renda fixa e câmbio do Banco Modal, Luiz Eduardo Portella. "Se isolarmos o fator Grécia e Portugal, que continua incerto, todos os outros fatores apontam para uma melhora. A bolsa está próxima dos 60 mil pontos, com valores bem atrativos. A expectativa de inflação já começou a cair e o IPCA ficou próximo de zero em junho. Além disso, com a reconstrução no Japão, isso vai demandar muito insumo do resto do mundo, o que deve favorecer as commodities."
Ceticismo
O analista Eduardo Dias, da Omar Camargo Corretora, é mais cético. "Pode cair mais. O cenário lá fora continua incerto. Há empresas brasileiras recomprando ações por achar que estão baratas, e apostando que elas vão subir. Mas é muito difícil dizer qual será o desempenho no segundo semestre. Há muitas incertezas", afirma.