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Maurício e Mariana Romanowski fazem os planos para comprar um apartamento:  consórcio está na agenda de 2015 | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Maurício e Mariana Romanowski fazem os planos para comprar um apartamento: consórcio está na agenda de 2015 (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)
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A virada de ano renovou as esperanças, mas também as preocupações financeiras de muitas famílias brasileiras. As razões para isso não são poucas. A economia está estagnada, fato geralmente acompanhado por reajustes salariais menores. A inflação, que corrói a renda, está alta. E os impostos vão subir em todos os níveis de governo. Corre por fora ainda a disparada do dólar, que encarece certos produtos e serviços.

Três dos principais impostos pagos pelo consumidor sofreram aumento: o IPVA estadual, cuja alíquota foi reajustada em 40%, de 2,5% para 3,5%; o ICMS cobrado sobre a gasolina no Paraná, que subiu 3,5%, passando de 28% a 29%; e o IPTU de Curitiba, elevado em cerca de 12% para edificações e de 15% para terrenos.

Também pressionam o orçamento doméstico a alta da conta de luz, que, em média, deve ficar R$ 4,50 mais cara a partir de janeiro em todo o país, com o início do sistema de bandeiras tarifárias, e a subida de preço do material escolar (cerca de 8%, segundo os fabricantes) e mensalidades escolares (aproximadamente 10%, em Curitiba). Há, ainda a volta da cobrança integral do IPI sobre carros novos, com as alíquotas cobradas subindo até 166% e retornando aos patamares originais, de 2012.

O cenário difícil é composto, finalmente, pelas incertezas da economia, cuja debilidade corrói a renda e afeta o mercado de trabalho – em novembro, a geração de empregos foi a mais fraca para o mês desde 2008, mostram dados do IBGE.

Diante disso, especialistas em finanças pessoais recomendam prudência no trato com o dinheiro em 2015. "Será um ano de cautela e sobriedade. É preciso esperar as ações do novo ministério [da Fazenda] para ver que impacto terão na economia", afirma Elaine Toledo, autora do livro "Saiba mais para Gastar Menos: Aprenda a Desenvolver sua Inteligência Financeira".

Coordenador do curso de Finanças Pessoais de educação a distância da Universidade Positivo (UP), Raphael Cordeiro diz que o consumidor já pisou no freio, evitando fazer investimentos altos, como compra de automóveis. Ele prevê que o período de ajustes dure cerca de dois anos, com o país voltando a crescer a partir de meados de 2016. "O governo, em todos os níveis, gastou mais do que podia, e, agora, está nos mandando a conta, com impostos mais altos. Isso está derrubando a confiança do consumidor."

Entre os afetados pela alta de preços está a dona de casa Heloísa Cabral, que mora em Curitiba. Para reduzir as despesas, ela optou por, depois de cerca de dez anos, não renovar o seguro do carro. Também aumentou os deslocamentos que faz a pé, como forma de evitar despesas com gasolina.

Outra estratégia é comprar menos no mercado e usar racionalmente a energia elétrica. "Lavo a roupa apenas uma vez por semana, e o resultado tem sido bem interessante", conta Heloísa.

Planilha é o primeiro passo para organizar as finanças

O primeiro passo para manter as contas em ordem, na recomendação de consultores financeiros, é elaborar uma planilha de gastos, monitorando os hábitos de consumo por pelo menos 30 dias. "Você corta os excessos e consegue represar dinheiro para, por exemplo, pagar um IPVA à vista", diz Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira do Educadores Financeiros (Abefin).

Outra medida eficiente é definir uma meta de economia e traçar um objetivo para o dinheiro que será poupado. "A economia de uma pizza de R$ 30 por semana, no fim do ano, rende mais de R$ 1,5 mil. É o valor de um bom eletrodoméstico ou de uma viagem de férias", exemplifica Elaine Toledo, autora do livro "Saiba mais para Gastar Menos: Aprenda a Desenvolver sua Inteligência Financeira".

O casal Maurício Romanowski e Mariana Romanowski traçou como meta adquirir um apartamento maior, e está fazendo esforços para a compra. "Estamos em vias de ter nosso segundo filho e precisamos de mais espaço, mas os preços dos imóveis subiram demais. Fica difícil", diz Mariana.

Profissionais liberais, os dois elevaram suas cargas de trabalho para aumentar a renda e poupar para o novo imóvel. Mariana, que é médica, atende em seu consultório, faz plantões noturnos e passou a ter um emprego público, para ter mais estabilidade. Eles optaram, ainda, por não contratar empregada doméstica e passaram a alimentar um consórcio, como forma de poupar todo mês.

O valor ideal de uma poupança corresponde a uma reserva suficiente para pagar seis meses de despesas mensais, diz o consultor e coordenador do curso de finanças pessoais de educação a distância da Universidade Positivo, Raphael Cordeiro. Isso impede que, em um momento de crise, seja preciso se desfazer de um bem.

Também é importante ter moderação para comprar, refletindo sobre a real necessidade de aquisição do produto desejado. "É fundamental racionalizar as escolhas de consumo e o uso do dinheiro", fala Elaine.

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