O engenheiro civil Giovani Trento começou 2009 com emprego novo. Trocou o trabalho em uma grande construtora pela vaga em outra empresa do mesmo ramo, que há meses vinha mantendo contato com ele. Ele assumiu o risco de trocar de emprego apostando que o novo desafio fará bem para a carreira. "Curitiba se tornou um polo para as grandes empresas do setor. Então, na construção civil, estamos escolhendo onde trabalhar." De fato, o setor é uma exceção em meio a tantas notícias de fechamento de vagas e demissões decorrentes da crise econômica.
O setor de construção civil não deixou de contratar. Nem pretende, por enquanto. Ao contrário, a grande maioria das grandes construtoras fala em falta de mão-de-obra qualificada resultado ainda dos dois últimos anos de grande crescimento do setor. "Existe vaga em toda a cadeia do setor de construção", diz Trento, que vai gerenciar os empreendimentos do segmento econômico da joint venture formada pelas construtoras Thá e Rossi, e começa a montar sua equipe.
Lançamentos
"Os vários lançamentos imobiliários do ano passado vão sair do papel este ano e, por isso, a construção civil vai continuar contratando", diz o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Paraná (Sindiscon-PR), Normando Baú. Ele diz que faltam engenheiros, técnicos, arquitetos e também pedreiros e serventes. "Vamos entrar em uma situação de acomodação, mas só lá na frente, porque havia muito falta de mão-de-obra."
O diretor de incorporação do Grupo LN, Vinícius Antonietto, também acredita que o setor só sentirá os efeitos da crise a partir do ano que vem, e ainda dependendo de quanto tempo demorar para a situação econômica se normalizar. "Não estamos sentindo queda na procura por imóveis. As pessoas estão avaliando e pensando mais, mas não deixaram de procurar." O grupo tem vagas para engenheiro de obras e gerente de suprimentos, além de oportunidades para operários.
Na Thá, a estimativa é de que sejam abertos 450 postos ao longo do ano, para trabalho nos empreendimentos que começam a sair do papel três, a partir do segundo semestre. "Diferentemente das grandes incorporadoras nacionais, que tiveram que cancelar lançamentos, a crise não atrapalhou. Estávamos vivendo uma pressão, por conta dessas empresas grandes e muito capitalizadas, e agora ganhamos espaço", diz a gerente administrativa do grupo, Fabiane Alves.
Alimentos
O gerente regional do Grupo Foco no Paraná, Airton Santos, aponta pelo menos mais dois setores em que há oferta de vagas tecnologia da informação e alimentos. Este segundo tem uma forte influência da Páscoa, já que as indústrias e o varejo contratam. "Só em Curitiba há entre 800 e 900 vagas abertas. São trabalhos temporários, mas com possibilidade de efetivação", diz.
Santos diz que muitas vagas que foram suspensas no fim do ano começaram a ser reabertas em vários setores. O grupo tem hoje 210 vagas disponíveis em todo estado contra 250 no mesmo período do ano passado. "O saldo das demissões ainda é maior. Mas a expectativa é de que ele fique positivo nos próximos meses."
Segundo a coordenadora de intermediação de mão-de-obra da Secretaria Estadual do Trabalho, Angela Carstens, também há vagas em restaurantes e panificadoras, já que havia uma demanda reprimida no ano passado. "Como os horários fogem do tradicional, e nem sempre os salários são atraentes, é difícil encontrar profissionais para essas vagas."
A Agência do Trabalhador tem atualmente 3 mil vagas abertas para trabalho em Curitiba. Destas, 500 são para a área de alimentação, 400 em supermercados e 370 no setor de construção civil.