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Empréstimos

Apesar da crise, procura por crédito cresce 40% no BNDES

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse nesta terça-feira (18), em palestra na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que apesar da crise, as consultas ao banco em busca de financiamento aumentaram. Segundo ele, de agosto a outubro deste ano, as consultas cresceram 40%, na comparação com igual período de 2007.

Coutinho avaliou que esse aumento se deve a um deslocamento da demanda, que antes era atendida pelo mercado financeiro e que, com a crise, migrou para o BNDES. Ele afirmou que o impulso positivo nos investimentos está sendo mantido. Na sua avaliação, os gastos do governo com investimento devem ser prioridade em relação a outras despesas.

Ele informou que os recursos adicionais recebidos pelo BNDES em 2008 somaram R$ 58,8 bilhões. Nesse volume já estão incluídos os R$ 10 bilhões anunciados recentemente pelo governo para uma linha de capital de giro para projetos de investimento cuja operacionalização ainda está sendo discutida com o Banco Central e o Ministério da Fazenda.

A chefe do departamento da área financeira do BNDES, Vânia Borgerth, que acompanhou Coutinho na CAE, afirmou que o banco tem conseguido aumentar as linhas de financiamento sem que haja uma deterioração do crédito concedido. Segundo ela, a inadimplência no BNDES é de apenas 0,4%, enquanto que, no mercado, está em torno de 6%.

Ela informou ainda que o BNDES reduziu, em 2008, a sua renda com as operações de crédito, por causa da diminuição dos spreads promovida pelo BNDES para suas linhas de financiamento. Disse que essa renda caiu 0,2% em relação a 2007.

Ela informou que houve também uma redução de 5,5% na renda de aplicações financeiras feitas pelo banco com os recursos disponíveis. Segundo Vânia, o aumento da procura pelos recursos do banco reduziu o disponível para aplicação no mercado. Ela disse ainda que as boas condições do fluxo de caixa do BNDES não eliminam a necessidade de reforçar os recursos do banco, já que houve uma redução do dinheiro que estava disponível.

Desafio

Coutinho afirmou que o país precisa manter em pelo menos 10% a taxa de crescimento dos investimentos em 2009 para amenizar os efeitos da crise financeira internacional. Segundo Coutinho, será um desafio para o governo evitar que a atual taxa de formação bruta de capital fixo reflua dos atuais 16% para não menos que 10%.

O presidente do BNDES previu que a taxa de crescimento da economia em 2009 será "muito mais moderada" do que as registradas até recentemente - em torno de 6% -, mas, segundo ele, o Brasil tem condições de, na seqüência, retomar as condições de crescimento. "Daí em diante, a economia brasileira pode sair fortalecida, porque tem um sistema financeiro forte e capitalizado, embora, neste momento, esteja adotando uma atitude de cautela. Tem um setor privado saudável e com capacidade de resistência e uma demanda doméstica preservada, além das políticas públicas pró-investimentos, que estão ativas e são eficazes", declarou Coutinho.

Ele disse ainda que a economia brasileira tem bons fundamentos para atravessar a atual crise, porque possui investimentos de alto retorno e baixo risco. "Os impactos da crise serão mitigados se o país mantiver taxas de crescimento do investimento de 10% ao ano", previu Coutinho. "Se conseguirmos manter os investimentos nesse patamar, podemos fazer um piso mínimo para o crescimento da economia", completou.

Luciano Coutinho, durante palestra na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado, apresentou todas as linhas de financiamento oferecidas pelo banco, as quais, segundo ele, devem somar um desembolso de R$ 90 bilhões em 2008. Ele destacou que o BNDES, por causa da escassez de crédito para as exportações, voltou a dar prioridade à linhas de exportação para pré-embarque.

De janeiro a outubro, essas linhas somaram US$ 4,5 bilhões - 44,5% a mais do que em igual período de 2007. Coutinho destacou que, só em outubro, no auge da crise financeira internacional, o volume emprestado para exportação foi 115,2% superior à média registrada no período de janeiro a setembro de 2008.

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