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Energia

Apesar da seca, barragens estão cheias

Cena do longa "Vizinhos e vizinhas" | Divulgação/www.cinefrance.com.br
Cena do longa "Vizinhos e vizinhas" (Foto: Divulgação/www.cinefrance.com.br)

A estiagem que há mais de 40 dias atinge a maioria das regiões paranaenses não ameaça a geração de energia elétrica no Paraná. À exceção de Salto Santiago, no Sudoeste, os reservatórios das maiores hidrelétricas do estado têm nível inferior a 80% de sua capacidade máxima, e o índice deve continuar a cair nas próximas semanas.

A situação ainda é considerada bastante confortável, principalmente se comparada à do mesmo período do ano passado – quando as principais represas estavam em ponto crítico, com menos de 30% de sua capacidade, e o Sul do Brasil teve de importar energia do Sudeste.

"Como choveu muito no início deste ano e em maio, a situação é de tranqüilidade. Os níveis dos reservatórios devem continuar caindo, mas a curto prazo não há qualquer risco. Precisaríamos de mais três meses sem chuva para que chegássemos à situação que enfrentamos no ano passado", diz o assessor da diretoria de geração e transmissão de energia da Copel, Robson Schiefler.

No momento, os reservatórios mais importantes do estado têm mais que o dobro desse índice. O de Foz do Areia, a maior hidrelétrica da Copel – que tem capacidade de 1.676 megawatts (MW), potência suficiente para uma cidade de 5 milhões de habitantes – está em 68% do normal. A barragem de Salto Santiago (1.420 MW) ocupa 83% da capacidade máxima, a de Segredo (1.260 MW), 79%, enquanto o nível atual do reservatório de Salto Caxias (1.240 MW) equivale a 64% do máximo. A represa de Capivari – usina de pequeno porte (252 MW) importante para garantir o equilíbrio do fornecimento de energia na região metropolitana de Curitiba – está em 78% da capacidade máxima.

Boletim divulgado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) no domingo passado mostra que, em todo o Sul do país, a energia acumulada nos reservatórios equivale a 71% da capacidade máxima de geração das hidrelétricas da região. O nível está abaixo das médias de maio e junho (91% e 77%, respectivamente) mas ainda supera com folga o índice de 30% observado no mesmo período do ano passado.

O patamar atual também está muito acima do nível de risco calculado pelo ONS, que é de 13% na Região Sul. Quando as barragens se aproximam desse índice, o operador aciona usinas termelétricas. Algumas termelétricas brasileiras – incluindo a UEG Araucária, na região metropolitana de Curitiba – estão gerando energia para a Argentina, onde a situação de abastecimento é crítica. Além da falta de chuva, que esvaziou os reservatórios das hidrelétricas, o país vizinho ainda enfrenta escassez de gás natural, fonte importante de sua matriz energética.

"O Sul do Brasil ainda tem uma grande capacidade de importação de energia do Sudeste, o que torna ainda mais difícil entrarmos em situação crítica", explica Schiefler. No sistema Sudeste/Centro Oeste, que enviou energia para o Sul no ano passado, a energia armazenada em forma de água nas barragens no fim de junho era de 82% da capacidade máxima, volume superior aos 78% registrados no mesmo período de 2006.

Segundo o meteorologista Marcelo Brauer, do Instituto Tecnológico Simepar, a previsão é de que as chuvas fiquem dentro da média histórica – ou ligeiramente abaixo dela – até o início da primavera, em setembro. "Até lá, ficaremos sob a influência do fenômeno La Niña, que torna as chuvas mais irregulares, em pontos isolados e intercaladas por períodos de seca. Mas esse é um ciclo bem conhecido, então não deve surpreender a Copel ou a Sanepar", diz Brauer. "Com a primavera, as chuvas devem voltar a ser bem distribuídas."

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