Apesar da piora no desempenho das contas externas, que registrou um rombo histórico de US$ 81,4 bilhões no ano passado, o Banco Central acredita que a situação é "favorável".
O valor é 50% maior do que no ano anterior e um recorde, equivalente a 3,66% de toda produção nacional medida pelo PIB (Produto Interno Bruto). Em 2012, a proporção havia sido de 2,41%.
Segundo Fernando Rocha, chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, a estimativa é que neste ano, o saldo negativo recue, fechando em US$ 78 bilhões. Com isso, o governo espera afastar as críticas de uma trajetória de deterioração crescente.
Já os investimentos estrangeiros diretos, que cobrem parte do deficit, deverão ficar em US$ 63 bilhões em 2014, abaixo do patamar verificado em 2013 (US$ 64 bilhões) e 2012 (US$ 65 bilhões).
No cenário do BC, porém, as perspectivas são positivas pela combinação da melhora no saldo da balança comercial, fruto de um maior crescimento no mundo e também da desvalorização do real ante ao dólar.
Além disso, Rocha explica que os gastos com juros devem recuar de US$ 14,2 bilhões para US$ 12,9 bilhões e a conta de viagens internacionais deve reduzir o ritmo de crescimento por conta, sobretudo, de um aumento nas receitas em função da Copa do Mundo.
No ano passado, mesmo com a desvalorização média de 10,5% do real frente ao dólar, os brasileiros continuaram com gastos elevados, enquanto as receitas com turistas estrangeiros praticamente não cresceram.
Apuradas receitas e despesas, o saldo na conta de viagens internacionais foi um deficit de US$ 18,6 bilhões ante US$ 15,6 bilhões em 2012. Para 2014, Rocha prevê um resultado negativo de US$ 19 bilhões.
"Em 2013, mesmo com o câmbio desfavorável, o ganho de renda e a preferência por gastos lá foram mais fortes do que o encarecimento das viagens", argumentou o técnico.
Essa tendência deve seguir ao longo deste ano, porém, ele avalia que as receitas, que ficaram estáveis em US$ 6,7 bilhões em 2012 e 2013 devem aumentar com a vinda de turistas para assistir aos jogos da Copa do Mundo.
Argentina
Questionado se a situação da Argentina, um dos principais parceiros comerciais do Brasil, não seria um complicador para o desempenho comercial este ano, Rocha admitiu que pode haver impacto para o Brasil e que o BC está acompanhando a situação daquele país.
"A Argentina é importante destino das nossas exportações. O BC acompanha com atenção os desdobramentos na Argentina".