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Apesar de resgate, crise na Espanha vai piorar, admite primeiro-ministro

 | Dani Pozo/AFP

O plano de resgate financeiro aos bancos espanhóis anunciado no sábado – de até 100 bilhões de euros, concedidos por um fundo da União Europeia – não evitará uma piora na situação econômica do país neste ano, admitiu ontem o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy.

A Espanha permanecerá presa em sua segunda recessão em três anos, e mais espanhóis irão perder seus empregos em um país onde uma em cada quatro pessoas já está desempregada, avisou Rajoy, um dia depois do país se tornar o quarto – e o maior – dos 17 que formam a zona do euro a pedir ajuda financeira do bloco econômico. "Este ano será muito ruim: a variação [do PIB] será negativa, de 1,7%. E o desemprego vai aumentar", disse ele.

Apesar disso, na avaliação de Rajoy, o resgate fará com que a Espanha consiga recuperar a credibilidade econômica que perdeu, reabrindo as portas de acesso ao mercado de crédito para o país e suas empresas e tornando possível o crescimento econômico. O primeiro ministro disse também que o resgate econômico vai ajudar a restaurar a credibilidade da zona do euro, que continua abalada mais de dois anos depois do início da crise financeira.

A expansão da recessão e crise financeira da Europa afetou empresas e investidores em todo o mundo. Ao prover os bancos espanhóis com recursos para voltar a operar, a economia espanhola – que é cinco vezes maior que a da Grécia – poderá reduzir a ansiedade dos mercados de como o país voltará a construir seu caminho fora da crise.

Outro grande teste para a Europa acontece na próxima semana, quando a Grécia realiza eleições que irão determinar se ela deixará a zona do euro. Os líderes europeus dizem que foi crucial para a Espanha ter pedido ajuda para seus bancos antes da eleição grega de 17 de junho.

"Linha de crédito"

Rajoy recusou-se repetidamente a chamar o pacote de salvamento de "resgate", dizendo que é uma "linha de crédito". Argumentou que é diferente dos resgates pedidos pela Grécia, Irlanda e Portugal porque a ajuda concedida a esses países incluiu o controle externo sobre as finanças públicas destes países, o que não ocorre na Espanha.

Rajoy insistiu que nem ele, nem o Executivo do país foram pressionados a pedir ajuda europeia aos bancos. "A mim ninguém pressionou. Eu é que tenho pressionado. Queria uma linha de crédito para resolver o problema", disse.

O primeiro ministro culpa a administração socialista anterior, de Jose Luis Rodriguez Zapatero pela crise na Espanha, mas não citou-o pelo nome. "No ano passado, a administração pública espanhola gastou 90 bilhões de euros a mais do que arrecadou, o que não pode continuar", disse Rajoy.

AnáliseAjuda aos bancos espanhóis traz alívio, mas ele pode ser breve

Reuters

Os ministros de Finanças da zona do euro aceleraram o resgate da União Europeia para os endividados bancos espanhóis para evitar a ameaça de uma corrida bancária em caso de ressurgimento da crise da dívida da Grécia. Mas qualquer respiro de alívio para Madri e para o euro pode ser breve.

A região de moeda única concordou em emprestar a Madri até 100 bilhões de euros, mais do que uma auditoria inicial sugeriria que provavelmente seria necessário, na tentativa de tranquilizar investidores e criar um novo mecanismo de defesa contra a crise.

Mas a última medida da zona do euro após os socorros à Grécia, Irlanda e Portugal desde 2010 pode receber um duro golpe de eleitores gregos insatisfeitos já no próximo domingo, o que pode reascender turbulências dos mercados e atingir Espanha e Itália primeiro.

O premiê Mariano Rajoy afirmou que suas reformas pouparam a Espanha de um resgate completo para sua dívida pública, mas alguns analistas afirmam que a ajuda aos bancos pode ser apenas o prelúdio de um resgate ao Estado.

Depois de menos de seis meses no gabinete, o premiê conservador está desesperado para evitar essa previsão, enquanto outros líderes europeus tentam apenas evitar o custo, que levaria os fundos de resgate da zona do euro ao limite.

"O peso de recapitalizar bancos insolventes ou de aquisições deficitárias de bancos solventes vai cair sobre os cidadãos da Espanha", disse Karl Whelan, economista da Universidade College, em Dublin. "Por essa razão, o anúncio deste fim de semana pode tirar a Espanha dos mercados de bônus soberanos."

O governo espanhol ainda precisa refinanciar 82,5 bilhões de euros em dívida que vence até o fim do ano, com uma grande parcela vencendo no fim de outubro, e as regiões espanholas têm 15,7 bilhões de euros adicionais em dívida com vencimento no segundo semestre de 2012.

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