Curitiba As estimativas da safra agrícola de 2005 divulgadas ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam a produção de 113,744 milhões de toneladas de grãos, representando um crescimento de 0,24% em relação à previsão feita em maio. A diferença de mais de 277 mil toneladas provém, principalmente, da cultura do trigo, que, entre maio e junho, registrou acréscimo de 5%. Embora as estimativas tenham sido revistas para cima, a safra nacional prevista para este ano ainda é 4,71% inferior à obtida em 2004, que atingiu 119,369 milhões de toneladas, informou ontem o gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE, Newton Alves Rocha.
O Paraná continua sendo o maior produtor nacional de trigo, respondendo por 58% da produção. As últimas estimativas do IBGE apontam que a produção paranaense de trigo na safra 2005 deve ficar em 2,993 milhões, ou 0,58% acima da registrada no ano passado. Segundo Rocha, o clima está propício para o trigo, que começa a ser colhido em agosto. "As chuvas bem distribuídas e a temperatura baixa ajudam a cultura neste estágio de plantação", explica.
O preço do trigo é que não está agradando os produtores, descapitalizados depois da quebra da safra de verão, em conseqüência da estiagem. Segundo o engenheiro agrônomo da maior cooperativa de trigo da região Oeste do Paraná, a Cevale, Ronaldo João Vendrame, os preços do trigo pagos atualmente ao produtor não cobrem os custos. Uma saca de 60 quilos custa R$ 35 para o produtor, que só obtém R$ 20 no mercado, na hora da venda.
Apesar do preço desanimador, destaca Vendrame, a área de trigo plantada no Oeste do estado cresceu 20%. "Parece estranho o agricultor plantar mais, mesmo sabendo que os preços não são nada atraentes. É que devido a estiagem e a quebra do milho safrinha, a alternativa foi apostar no trigo para ajudar a diminuir o prejuízo", justifica.