Encerramento
Evento consolida debate sobre tendências para o mercado global
A primeira edição do Fórum de Agricultura da América do Sul foi encerrada na manhã de ontem, com duas conferências que traçaram uma perspectiva do grupo de países que compõe o pelo Conselho Agropecuário do Sul (CAS), Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. Em 11 painéis foi dada a palavra a 34 palestrantes, que discutiram temas chave ao setor como logística, mercado e integração entre as cadeiras produtivas.
A China e a Índia confirmam crescimento da população e da renda nos próximos 20 anos e, sem terras e água para ampliar a agricultura, avisam que estão contando com alimentos sul-americanos para o abastecimento doméstico. O lado do consumo e da oferta foram confrontados ontem, nas conferências que encerraram o 1º Fórum de Agricultura da América do Sul, em Foz do Iguaçu. O evento, realizado pela Gazeta do Povo e pelo Conselho Agropecuário do Sul (CAS), reuniu mais de 300 participantes.
Diretor em Chicago do Hopefull Group (o maior grupo privado chinês ligado ao agronegócio, que atua no esmagamento de soja), Tom Lin Tan apontou que as políticas de controle populacional de Pequim estão sendo revistas e devem levar a população chinesa hoje em 1,3 bilhão de habitantes a seu ápice em uma década. O avanço será acompanhado de aumento na renda, ampliando a demanda por alimentos. "A China continuará sendo uma grande importadora de comida nos próximos 10 a 20 anos e a América do Sul será um importante fornecedor", avalia.
Seneri Paludo, diretor-executivo da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), indica que nesse contexto o bloco formado por Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai tem condições de produzir 53 milhões de toneladas a mais nos próximos dez anos. Ele pondera que é preciso dosar o ritmo de crescimento para garantir viabilidade ao mercado.
Célio Porto, ex-secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil (Mapa) enfatiza que a volatilidade dos preços das commodities e seu impacto na produção também despertam preocupação no G20 financeiro, bloco que reúne as nações mais ricas do globo.
A oferta equilibrada de alimentos assume caráter estratégico para nações como a Índia, onde a produção de 20 milhões de toneladas de soja é insuficiente para satisfazer a demanda, apontou Lalit Khulbe, diretor da empresa indiana United Phosphoros Limited (UPL). O país tem um contexto semelhante ao da China, com aumento no consumo de proteína. "Quem vai abastecer nossa demanda por produtos agrícolas será a América do Sul", aponta.
Superpopulação desafia sustentabilidade
André Franco, especial para a Gazeta do Povo
O crescimento da população é um desafio à sustentabilidade do agronegócio, apontou o ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, Tabaré Aguerre, durante a palestra de encerramento do 1º Fórum de Agricultura da América do Sul. Segundo ele, cerca de 3 milhões de pessoas passarão a pertencer à classe média em seus respectivos países nos próximos anos. "Com isso, terão condições de consumir mais alimentos. Só a demanda por carne bovina deverá crescer 73% até 2050", acrescentou.
O campo tem avançado, mas não o suficiente para suprir à demanda por alimentos. Brasil, Argentina, Paraguai, Bolívia, Chile e Uruguai precisam estar preparados para atender ao aumento do apetite da população, que cresce principalmente na Ásia, enfatizou. Os países do bloco também devem ter a responsabilidade de engajar a agricultura familiar e estarem atentos às mudanças climáticas. A agropecuária terá de elevar a produtividade com menor disponibilidade de água.
Integração
Durante os dois dias do Fórum de Agricultura da América do Sul, 34 palestrantes discutiram as perspectivas de oferta e demanda de grãos, carnes, energia, infraestrutura e logística. "Debatemos o nosso potencial e no fim descobrimos que o desafio é muito maior do que imaginávamos. É preciso que esses países da América do Sul se integrem mais. Vencemos o primeiro desafio com esse evento", concluiu o gerente de Agronegócio da Gazeta do Povo, Giovani Ferreira.
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