A empresa que desenvolveu o aplicativo que conecta pessoas interessadas em viajar de carro para outras cidades, BlaBlaCar, lançou suas operações no Brasil nesta segunda-feira (30), em um momento em que a crise econômica e elevação dos preços dos combustíveis faz se sentir no bolso das famílias.
A companhia foi fundada na França em 2006 e recebeu desde o ano passado US$ 300 milhões em duas rodadas de investimentos para fomentar sua presença internacional, que com o Brasil passa a ser de 20 países.
“A situação da economia brasileira de certa forma acaba se alinhando com os objetivos da BlaBlaCar para o país”, afirmou o diretor-geral da companhia para o Brasil, Ricardo Leite. “O Brasil tem uma frota de 50 milhões de carros, tem vários centros urbanos, 100 milhões de usuários em redes sociais, gasolina cara em relação à renda. Com isso, a expectativa de se pagar a operação brasileira é muito grande”, acrescentou o executivo.
Os investimentos no lançamento da empresa no Brasil, segundo país da América Latina depois do México a contar com a plataforma, não foram revelados, mas Leite comentou que a empresa por enquanto tem 10 funcionários em seu escritório na capital paulista.
A estreia da empresa acontece em um momento em que o governo tenta há meses por em prática um plano de estímulo à aviação regional, capaz de ampliar a conexão entre os grandes centros e cidades do interior do país. Também acontece em um ambiente em que outros aplicativos de transporte, como o norte-americano Uber, enfrentam resistência de legisladores e trabalhadores como taxistas.
Conectando usuários
Segundo Leite, a BlaBlaCar avalia que seu serviço não vai enfrentar oposição no país, uma vez que tem por objetivo permitir redução de custo de viagens de carro entre cidades e não criar um serviço de motoristas remunerados.
“O que a gente faz é basicamente conectar os dois lados. Não precisamos adquirir licenças. Temos operado em uma série de países sem arranjar confusão. Não vemos nenhum motivo para que nosso serviço possa levantar problemas”, afirmou Leite.
O executivo comentou que inicialmente as viagens arranjadas pelo aplicativo não incorrerão em taxas cobradas pela empresa. Mas depois que o serviço “atingir maturidade” no Brasil, a BlaBlaCar vai começar a cobrar tarifas dos passageiros, seguindo modelo adotado no exterior. Normalmente, uma nova operação da companhia leva de 18 a 24 meses para atingir maturidade.
Leite explicou que a tarifa que será cobrada pela BlaBlaCar futuramente dos passageiros no Brasil será equivalente de a 10% a 15% do custo estimado da viagem para cada passageiro.
A empresa, por exemplo, calcula atualmente o custo da viagem de carro entre São Paulo e o Rio de Janeiro como sendo de R$ 180 reais, considerando combustível e pedágios. Assim, no caso do motorista levar dois passageiros, o custo para cada um será de R$ 60, mas a tarifa a ser cobrada para remunerar a BlaBlacar incidirá apenas sobre a parcela de cada passageiro, disse Leite. Ele acrescentou que na Europa a média de distância das viagens é 330 quilômetros.
Operações
Atualmente a BlaBlaCar tem operações em países como Rússia, Turquia e Índia, reunindo 20 milhões de membros do serviço. Seis dos agora 20 países onde a empresa opera já estão gerando receitas com as tarifas cobradas dos passageiros.
O diretor-geral da BlaBlaCar na América Latina, Julien Lafouge, afirmou que a empresa tem planos de ampliar a BlaBlaCar para outros países da região, mas evitou citar nomes, comentando apenas que “a ideia é chegar a mais quatro ou cinco países”.
“A América Latina tem infraestrutura que permite viagens de carros e frotas de veículos muito significativas. O potencial é grande uma vez que há uma demanda grande de mobilidade entre as cidades (...) além do próprio potencial gerado pelo turismo”, disse Lafouge.
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