A previsão de fim do mundo do calendário maia, marcada para a próxima sexta-feira, contempla algumas dezenas de cenários diferentes: reversão geomagnética dos polos, colisão com um planeta desconhecido chamado Nibiru, invasão alienígena, destruição por uma supernova, explosão da lua, alinhamento galáctico... e a lista continua. Ainda que a probabilidade de esses eventos acontecerem não seja igual a zero, cientificamente esses cenários são bastante improváveis. A comunidade científica tende a concordar com apenas um cenário de fim do mundo, aproximadamente daqui a 5 bilhões de anos. É a data em que o sol deve terminar a sua fase de desenvolvimento e tornar-se uma gigante vermelha, engolindo ou tornando a Terra inabitável.
Cinco bilhões de anos é bastante tempo. Há quem acredite que, muito antes disso, a civilização pode ser destruída por robôs ou ciborgues, um mistura de humanos e robôs. A Universidade de Cambridge, na Inglaterra, está inclusive criando um novo centro para determinar quais os riscos das máquinas superinteligente para a extinção dos humanos.
A maior preocupação dos criadores do centro, que será chamado de Centro de Estudo de Risco Existencial (CSER, na sigla em inglês) não é tanto uma atitude hostil de hipotéticos robôs inteligentes contra os humanos, mas sim uma eventual competição por recursos.
"Tome gorilas como exemplo. A razão pela qual eles correm o risco de serem extintos não é porque os seres humanos são ativamente hostis contra eles, mas porque nós controlamos os ambientes de forma que nos convêm, mas que são prejudiciais à sua sobrevivência", afirmou o filósofo Huw Price, co-fundador do CSER, ao jornal inglês The Register. "Em algum momento, neste século ou no próximo, estaremos diante de uma das grandes mudanças na história humana talvez até mesmo da história cósmica quando a inteligência escapará às restrições da biologia", disse Price.
Fonte de energia
Quem é contrário à tese do apocalipse robô costuma argumentar que o cérebro humano é complexo demais para ser "imitado" por qualquer inteligência artificial, ou coloca as esperanças na resiliência humana. Num tópico sobre essa questão no site Quora, o professor Rick Hyland, da Universidade de Westchester, cita ainda um outro grande problema para os robôs: fonte de energia. "[As máquinas] são atualmente dependentes de nós para fontes de energia esta é uma grande falha em favor da humanidade. Limite o acesso delas à fonte de energia, e você barra qualquer avanço dos robôs para tomar o mundo", diz. Como ele próprio cita no texto, porém, já há robôs sendo programados para encontrar fonte de energia independentemente.
O PR2, um dos robôs mais avançados já criados, foi programado para encontrar uma tomada por conta própria. Com uma câmera, "ele" encontra e se conecta à eletricidade sempre que a bateria está fraca. Desde 2009, o robô nunca falhou em achar uma tomada. O PR2 é desenvolvido pela empresa de robótica WIllom Garage e já é comercializado.
A possibilidade de uma revolta dos robôs parece mais coisa de ficção científica do que uma probabilidade real. Mas como diz o fundador do centro de Cambridge, Huw Price: "A natureza não previu a humanidade, e nós não devemos subestimar a inteligência artificial".