Empresário ficou mais confiante em janeiro
O Índice de Confiança da Indústria (ICI) aumentou 0,5% em janeiro deste ano ante dezembro de 2011, ao passar de 101,8 para 102,3 pontos, informou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV). O indicador inicia o ano acima dos quatro últimos meses de 2011, mas abaixo da média histórica de 103,9 pontos.
O Índice da Situação Atual (ISA) avançou 0,6%, para 103,0 pontos, o maior patamar desde agosto de 2011 (103,5). O Índice de Expectativas (IE) cresceu pelo quarto mês consecutivo, com avanço de 0,6% em janeiro, ao passar para 101,7 pontos. De acordo com a FGV, a combinação de resultados sinaliza que a atividade industrial segue em recuperação lenta e gradual no curto prazo.
Estoques
O item que mede os estoques na indústria exerceu a maior influência sobre o ISA em janeiro: a parcela de empresas considerando o nível de estoques atual como excessivo diminuiu de 10,2% em dezembro para 6,3% em janeiro, o menor porcentual desde junho de 2011 (5,3%). Por outro lado, houve recuo na proporção das empresas que avaliam o estoque como insuficiente, de 2,2% para 1,2%.
Segundo o coordenador da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloisio Campelo, a conjugação de medidas de cunho fiscal para segmentos específicos da indústria de transformação com a redução da taxa Selic foi determinante para a diminuição dos estoques
Emprego
O índice relativo ao emprego subiu em janeiro, atingindo 111,4 pontos, patamar mais alto desde julho do ano passado (113,8). Das 1.204 empresas consultadas em janeiro, 21,2% pretendem ampliar o efetivo de mão de obra no trimestre de janeiro a março de 2012 (ante 19,4% em dezembro), enquanto 9,8% preveem diminuí-lo (ante 9,9%).
Capacidade
O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) aumentou para 83,7% em janeiro, ante 83,4% em dezembro, atingindo o patamar mais alto desde julho de 2011 (84,1%) e superior à média histórica desde 2003, de 83,3%.
A produção industrial deve ter recuperação gradual em 2012, após o fraco crescimento de 0,3% em 2011. O resultado ficou bem abaixo da expansão de 10,5% em 2010. Para analistas, a indústria já deixou para trás seu pior momento, mas a manutenção de fatores que vêm afetando negativamente o setor como o real apreciado e a crise na Europa continuarão dificultando uma retomada expressiva.
A expectativa é de que o setor seja puxado pela demanda doméstica a partir do segundo semestre, impulsionada pelos efeitos da redução dos juros e de medidas governamentais de estímulo ao consumo. Apesar de ter apresentado sinais positivos nos últimos meses de 2011, com alta de 0,9% em dezembro, a indústria nacional fechou o ano com produção 3,5% abaixo do patamar de março daquele ano, nível mais elevado da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A indústria chegou a crescer no primeiro trimestre do ano passado, mas na sequência houve quedas seguidas no ritmo de produção, culminando com queda de 1,4% no quarto trimestre. O segmento de bens de consumo foi o destaque negativo (-0,7%) do ano, pressionado pela redução de 7,8% da produção de automóveis, a pior desde 1999 (-10,7%).
O economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rogério César de Souza, destaca a alta de 3,3% da produção de bens de capital em 2011 como um sinal positivo para os investimentos neste ano, por estar disseminado entre equipamentos de transporte, para construção e para a indústria. A maior preocupação do Iedi é quanto à evolução da produção de bens intermediários (insumos e matérias-primas), que cresceu só 0,3% em 2011.
"Os intermediários são um termômetro porque representam as compras da indústria e têm o maior peso no setor. E continuarão sendo afetados pelo aumento das importações e perda de competitividade", disse Souza. O mesmo vale para setores tradicionais e intensivos em mão de obra, como têxtil, vestuário e calçados, que, combalidos pela competição chinesa, amargaram quedas acentuadas no ano passado.
As medidas de estímulo à indústria deverão contribuir para o aumento da produção a partir do meio do ano, mas têm efeito limitado. "A redução de IPI, por exemplo, deve ter efeito menor que na crise de 2009 , já que os bens duráveis têm ciclo de vida maior", disse Thovan Tucakov, economista da LCA Consultores. Na análise dos economistas, as propostas da União como o plano Brasil Maior são pontuais e atacam setores específicos, em lugar de problemas estruturais como a pesada carga tributária.
FGV prevê crescimento de até 2,8% neste ano
A produção da indústria deverá crescer, num cenário otimista, de 2,5% a 2,8% em 2012. A previsão é do coordenador da Sondagem Conjuntural da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloisio Campelo. A previsão de Campelo é ligeiramente inferior à expectativa média do mercado, que prevê alta de 3% para a produção industrial neste ano. "Temos de lembrar que estamos com uma série de medidas extraordinárias. A redução de IPI para produtos da linha branca irá vigorar até março e, para os automóveis, deve permanecer ao longo deste ano", ponderou Campello, para quem, se novas medidas forem adotadas, o crescimento da produção da indústria poderá ser ainda maior o governo federal tem mantido reuniões com alguns setores com o objetivo de estimular o crescimento da economia.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast
Deixe sua opinião