Pacote
Alemanha aprova ajuda à UE
O Parlamento alemão aprovou ontem sua parte no pacote de 750 bilhões de euros articulado pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional para tentar estabilizar a moeda unificada da região e impedir que a crise de dívida na Europa se alastre e trave a recuperação econômica global.
A contribuição alemã ao pacote pode alcançar 148 bilhões de euros (o equivalente a R$ 346,7 bilhões), caso algum dos países em crise não possa desembolsar sua parte. O projeto foi aprovado por 319 votos a favor, 73 votos contrários e 195 abstenções, após o encerramento da terceira leitura e dos debates sobre a lei, que começou a ser discutida em plenário na quarta-feira.
Ministros europeus
Os ministros de finanças da UE, reunidos em Bruxelas, apoiaram a Alemanha, que pede novas e mais rígidas sanções contra países que quebrem as regras orçamentárias da região (como o limite para o deficit fiscal de 3% sobre o PIB). A atitude é vista como uma tentativa de dar fôlego ao euro e aumentar a segurança contra uma crise generalizada.
Os ministros fizeram um encontro inaugural para discutir mudanças no modo como as 27 nações do bloco gerenciam suas finanças e coordenam a política econômica. As discussões, que vão continuar até outubro, são baseadas nas propostas delineadas na semana passada pela Comissão Europeia e em ideias da Alemanha, que na segunda-feira proibiu até o dia 31 de março de 2011 as vendas a descoberto de dívida pública dos países da zona do euro. Numa venda a descoberto, o investidor vende ativos emprestados, na esperança de comprá-los depois a preço inferior ao da transação e embolsar a diferença como lucro.
Os seis pregões consecutivos de perdas na bolsa brasileira deixaram algumas ações baratas o suficiente para atrair compradores, mesmo num cenário de aversão aguda ao risco. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registrou um forte ganho de 3,55% ontem. Mas na semana as perdas ainda ficaram em 4,97%.Algumas das ações mais negociadas pelos investidores se valorizaram entre 6% e 8%, como no caso dos papéis da Vale, da OGX e da CSN."Um dia antes, todos os mercados caíram muito forte, e o repique de alta foi até muito natural. As incertezas sobre a crise na Europa continuam muito fortes. Não é o momento de fazer grandes apostas. A volatilidade deve continuar alta pelos próximos 30 dias", disse Clodoir Vieira, economista-chefe da corretora Souza Barros.
Praticamente o mesmo ocorreu nas bolsas americanas. Referência mundial, o índice de ações Dow Jones cedeu para um nível de preços considerado baixo demais, o que disparou uma onda de compras e fez a Bolsa de Nova Iorque fechar com avanço de 1,25%.
Os mercados da Europa encerraram antes desse repique nos preços. A Bolsa de Londres cedeu 0,20%. As ações recuaram 0,65% em Frankfurt e apenas 0,05% em Paris.
Dólar
A taxa de câmbio brasileira estancou a escalada dos últimos dias e se manteve no patamar de R$ 1,86. A oscilação dos preços no dia revela como anda o "estado de nervos" dos agentes financeiros: pela manhã, foram feitos negócios com o dólar a R$ 1,90, e à tarde, por R$ 1,84.
Há divergências entre os analistas sobre quanto tempo será necessário para que a volatilidade dos negócios "volte ao normal". Para a parcela mais otimista, talvez sejam necessárias apenas poucas semanas para que investidores e analistas tenham visão mais clara dos desdobramentos da crise. Para outra parcela, não será antes de um mês, ou mais, que bolsas e moedas terão dias mais calmos. "Os mercados precisam ver notícias concretas acontecendo. Se os parlamentos dos países europeus aprovarem as medidas para cortar gastos públicos, por exemplo, isso será um fato concreto", diz Vieira.
Expectativas
Uma das notícias que geraram mais nervosismo ao longo da semana e também abalaram a moeda europeia foi a iniciativa unilateral da Alemanha de tentar conter operações especulativas. O mercado já é naturalmente avesso às regras que tolhem "seus movimentos". E o estresse aumentou ainda mais quando surgiram rumores, que ganharam força ontem, de que outros países seguiriam o exemplo alemão.
Outros analistas preferiram destacar a falta de coordenação entre as nações para enfrentar a crise. É uma crítica recorrente entre economistas para diferenciar a crise atual da de 2008. Lá, "o epicentro" ocorreu em um só país (os Estados Unidos), que tinha recursos e unidade para fazer o que fosse necessário.
Para muitos, a natureza mais fragmentária da União Europeia, em comparação com os Estados Unidos, prejudica a tomada de decisões e deixa os mercados mais apreensivos.
Analistas veem poucas chances de que a semana que vem seja mais calma. A agenda econômica, no entanto, tem outros pontos de destaque, como o anúncio do Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido, os números das contas públicas e do emprego no Brasil e as estatísticas de renda e gastos das famílias nos Estados Unidos.
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