Os ajustes nos mercados internacionais após comentários do chairman do Federal Reserve limitaram a queda do dólar diante do real, mas não impediram que a taxa de câmbio voltasse a fechar no menor valor em 13 meses nesta sexta-feira.
A moeda norte-americana, após passar a maior parte do dia em alta, terminou a sessão praticamente estável, com leve baixa de 0,06 por cento, a 1,737 real. É a menor cotação de fechamento desde 8 de setembro de 2008.
Em um dia de agenda fraca, a principal notícia no mercado foi o discurso de Ben Bernanke, que reiterou na noite de quinta-feira a capacidade do banco central norte-americano para reverter os estímulos econômicos adotados durante a crise.
As declarações deram ao mercado a impressão de que os Estados Unidos já começam a vislumbrar uma alta de juros, e deram a oportunidade de devolver parte da intensa variação dos últimos dias. Ante uma cesta com as principais moedas, o dólar tinha alta de 0,61 por cento às 16h30.
O mercado brasileiro acompanhou a alta do dólar desde o início da sessão, mas ao longo do dia começou a prevalecer a tendência de baixa provocada pela expectativa de um contínuo ingresso de recursos para o país.
A alta da Bovespa acima de 64 mil pontos dava força a essa previsão. A bolsa paulista já atraiu 883,3 milhões de reais em investimento estrangeiro em outubro, sem contar a oferta de ações do Santander Brasil.
"O investidor estrangeiro não tem onde pôr o dinheiro", disse o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues, em referência ao contexto de juros baixos em todo o mundo.
Analistas do BNP Paribas afirmaram em relatório que "a fraqueza da moeda norte-americana (no resto do mundo) e o fluxo intenso nas operações de capital podem alimentar uma baixa ainda maior do dólar no Brasil", mesmo que as recentes quedas tenham limitado o espaço para a valorização do real.
Os dólares que entram no país têm sido comprados todos os dias pelo Banco Central e engrossam as reservas internacionais, atualmente no recorde de 231,589 bilhões de dólares.
Somente entre os dias 7 e 8 deste mês, houve um acréscimo de 5,021 bilhões de dólares. O dado reflete as compras realizadas pelo BC no dia 6, quando houve a entrada da maior parte dos dólares relacionados à oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) do Santander Brasil.
A operação, que teve giro financeiro de 14,1 bilhões de reais, foi o maior IPO do ano em todo o mundo e o maior da história do Brasil.
O operador de uma importante tesouraria havia relatado à Reuters no próprio dia 6 que 5 bilhões de dólares relacionados ao lançamento dos American Depositary Receipts (ADRs) do Santander Brasil em Nova York teriam entrado no país no final da tarde daquele dia, indo direto para o caixa do BC, sem passar pelo mercado.
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