Preço das tarifas aéreas caiu 15,88% em janeiro, segundo o IBGE| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

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Por causa do clima seco, alimentos ficam mais caros e pressionam o IPCA

Apesar de desaceleração do IPCA, os gastos com alimentos ainda pressionam os preços, com aumentos expressivos nas carnes e hortaliças. "Apesar de uma taxa um pouco menor, [os alimentos] se mantiveram num nível ainda bastante alto. Ou seja, comer continua ficando mais caro. Os alimentos continuam aumentando", afirma Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

A alta no grupo Alimentação e Bebidas passou de 0,89% em dezembro para 0,84% em janeiro. "Os preços repercutiram alguns problemas climáticos que estão acontecendo, como a seca, que prejudica a pastagem, interfere na alimentação do gado e diminui a oferta", explicou Eulina, que chamou atenção também para a alta de preços do trigo, causada tanto por efeitos climáticos quanto pela valorização do dólar, que encareceu os derivados, como o pão francês.

O cigarro também pesou no bolso do consumidor no mês. O item foi o que mais contribuiu para a inflação, ao lado das carnes.

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A queda no preço das passagens aéreas e o aumento mais brando da gasolina foram responsáveis pela desaceleração na inflação oficial na passagem de dezembro para janeiro, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 0,92% para em 0,55%, em janeiro, a menor taxa para o mês desde 2009.

INFOGRÁFICO: Confira a desaceleração do IPCA para janeiro

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O índice veio abaixo das expectativas, mas ainda divide especialistas quanto ao possível impacto sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central a respeito de novos aumentos na taxa básica de juros (Selic, hoje em 10,5%).

"A inflação no curto prazo pode até estar um pouco melhor, mas o mercado ainda entende como bastante complicada", lembrou André Guilherme Pereira Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, que prevê mais dois aumentos na Selic, sendo o próximo ainda de 0,50 ponto porcentual, levando a taxa de juros para 11% ao ano na reunião de fevereiro.

Já o diretor de pesquisas para a América Latina do banco Goldman Sachs, Alberto Ramos, acredita que haja espaço para uma alta mais modesta, de 0,25 ponto porcentual, diante da redução do ritmo da inflação e da falta de vigor do nível de atividade, especialmente da produção industrial. A taxa do IPCA acumulada em 12 meses passou de 5,91% em dezembro para 5,59% em janeiro.

Férias

O grupo Transportes teve até deflação no último mês, puxada pela queda de 15,88% nos preços das passagens aéreas. Segundo Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE, o recuo nas tarifas não é comum em época de férias. Uma possível explicação seria a ocorrência do carnaval em março neste ano.

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"O carnaval é normalmente em fevereiro. Então em janeiro há uma pressão de emendar as férias com o carnaval que já vem. Este ano, o carnaval está lá em março", disse ela.

Os combustíveis também deram trégua. Depois do repasse em dezembro do reajuste de 4% da gasolina nas refinarias, em vigor desde o fim de novembro, o combustível subiu menos em janeiro, 0,60%.