Depois de evitar "uma catástrofe que atingiria o mundo inteiro", nas palavras do presidente francês, Nicolas Sarkozy, as economias da zona do euro que costuraram na madrugada de ontem um plano para reestruturar a dívida grega e reforçar os mecanismos de socorro a países em dificuldade se voltam para a China em busca de ajuda. O país é considerado o principal candidato a colaborar com a expansão do Fundo de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês), que passaria de 440 bilhões de euros para mais de 1 trilhão de euros, mas já avisou que deve impor condições.
Os detalhes sobre a planejada ampliação da EFSF ainda são vagos, mas as linhas gerais indicam que a capacidade de empréstimo do fundo será elevada por meio de duas opções. Uma é assegurar parcialmente a nova dívida emitida por países debilitados da zona do euro, e a outra é criar um veículo de investimento que permitirá que investidores privados e países ricos como a China apliquem recursos na linha de compra de bônus da EFSF.
Reservas
Líderes europeus defenderam a ajuda chinesa. O ministro de Finanças da Bélgica, Didier Reynders, afirmou ontem que a China precisa mobilizar suas reservas externas para ajudar a estabilizar a situação financeira na Europa, lembrando que o país tem recursos "colossais". "Pedir que alguns países mobilizem suas reservas para ajudar aqueles que têm déficits é uma coisa boa, desde que aqueles com déficit também façam um esforço", comentou em uma entrevista para a rádio RTBF.
"É coerente que países com superávits maiores façam uma contribuição também para a estabilidade financeira global porque eles estão se beneficiando" disso, declarou o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, em entrevista à TV France 24. Barroso rejeitou, no entanto, afirmações de que a Europa está recorrendo a fundos de outros países porque não pode suprir suas próprias necessidades sozinha. "Nós não estamos implorando a ninguém por dinheiro", disse.
Na manhã de ontem, Sarkozy conversou por telefone com o presidente da China, Hu Jintao, para informá-lo sobre o pacote de resgate da zona do euro fechado de madrugada em Bruxelas, na Bélgica. Além disso, o executivo-chefe do EFSF, Klaus Regling, viaja hoje para a China e depois seguirá para outros países asiáticos, segundo fontes.
Condições
O escopo do provável envolvimento da China no plano de ajuda financeira à zona do euro dependerá de a Europa satisfazer determinadas condições, disseram dois assessores seniores do governo chinês ao jornal britânico Financial Times. A China vai primeiro olhar no que consistiriam as contribuições de outros países, disseram Li Daokui, membro acadêmico do comitê de política monetária do banco central chinês, e Yu Yongding, ex-membro do mesmo comitê, segundo o FT. Li acrescentou que a China pode também pedir que a Europa pare de criticar a política de câmbio do governo chinês. A China já havia indicado anteriormente que pediria contrapartidas para ajudar a Europa.