Tentativa de formalizar parte das compras de brasileiros no Paraguai não emplacou ainda| Foto: Gazeta do Povo

A desarticulação dos comerciantes paraguaios e a indefinição a respeito da alíquota referente ao Imposto de Circulação Sobre Mercadorias Bens e Serviços (ICMS) deixaram o Regime de Tributação Unificada (RTU), conhecido como Lei do Sacoleiro, inoperante. Desde que entrou em vigor, há cinco meses, apenas uma importação foi registrada.

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Pelo RTU, microempresários podem importar produtos do Paraguai com valor de até R$ 110 mil ao ano mediante o pagamento unificado de tributos. A alíquota, em cota única, é de 25%, relativa ao II, IPI, PIS e Cofins, além do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no estado de origem da empresa. O regime só é válido para mercadorias do Paraguai importadas via terrestre. Uma das principais apostas do governo brasileiro com o RTU era formalizar pelo menos parte das transações comerciais entre Brasil e Paraguai, hoje dominadas pelo contrabando.

O ICMS é um dos impasses para o pleno funcionamento do RTU. O valor do alíquota, prevista para ser fixada em 7%, depende da ratificação de um convênio entre a Receita Federal e os fiscos estaduais. Todos os estados manifestaram-se a favor do convênio, exceto Mato Grosso do Sul que cobrará um valor diferente. No entanto, a proposta ainda precisa ser validada e publicada para entrar em vigor.

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A partir do convênio, o microempreendedor usará um documento único para quitar todos os impostos. Como o acordo não está regulamentado, a empresa que adquirir mercadorias deve, por enquanto, seguir a alíquota de ICMS estabelecida pelo estado de origem.

Segundo a RF, 496 microempresas brasileiras e 25 paraguaias estão cadastradas para fazer operações via RTU. Do lado brasileiro, a maior parte fica no Paraná, ou seja, 139, seguida por 65 de São Paulo e 57 de Santa Catarina. A primeira importação, realizada no dia 8 de junho, foi feita por uma empresa de Pelotas (RS) que adquiriu artigos de informática.

Uma sala foi montada na aduana brasileira, na Ponte da Amizade, que liga Foz do Iguaçu a Ciudad del Este, para fazer os despachos do RTU. No entanto, com o movimento inexistente, o espaço fica ocioso.

Liderança

O vice-presidente da Câmara de Tecnologia e Informática (CTI) de Ciudad del Este, Juan Ramírez, avalia que falta liderança do empresariado para colocar o RTU em prática. "É preciso ajudar o setor público, que não se mexe". Ramírez diz que a CTI pretende resolver questões para o RTU começar a deslanchar, o que inclui a fabricação de caixas de papelão conforme especificidades estabelecidas pela RF e a certificação de taxistas para fazer o transporte das mercadorias. O comerciante afirma que o RTU não é a solução para a temporada de ‘vacas magras’ do comércio paraguaio, impulsionada pela alta do dólar, cujo valor está em cerca R$ 2,15, no entanto, vai ajudar o comércio fronteiriço.

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Regulamentado pelo Decreto n.º 6.956/2009, o RTU tem restrições. As importações são liberadas apenas para produtos da indústria eletrônica – artigos de informática, telecomunicações e eletroeletrônicos. Só estão aptos a realizar importações microempresas com receita bruta anual de até R$ 360 mil e microempreendedor individual com até R$ 60 mil, ambos optantes pelo Simples Nacional.