O apetite do grupo Ultra, dono da rede Ipiranga, por compra de ativos no país continua firme. Após anunciar a aquisição da distribuidora de combustíveis Ale, por R$ 2,17 bilhões no domingo passado, o conglomerado também está em negociações para a compra da rede de farmácias Big Ben, que pertence à BR Pharma, do banco BTG Pactual, e ainda disputa a compra da Liquigás, de gás de cozinha, controlada pela Petrobras.
Uma fonte próxima ao Ultra, que é vice-líder em distribuição de combustíveis no país, reforçou que a divisão de varejo Extrafarma prioriza crescimento orgânico, mas não descarta aquisições. A estratégia do grupo nesse segmento, nos últimos meses, tem sido a expansão por meio das redes dos postos Ipiranga. “Aquisições, no entanto, podem ajudar a ganhar mercado e acelerar o crescimento”, disse a fonte.
Com uma operação deficitária, a BR Pharma, quarta maior rede de farmácias do país, está se desfazendo de suas bandeiras aos poucos, uma vez que o grupo, que já chegou a ser cobiçado por multinacionais, não consegue vender a companhia inteira. A Big Ben, do Pará, é o seu melhor ativo. No ano passado, a empresa vendeu a bandeira Mais Econômica para um fundo de investimento do Rio de Janeiro.
Uma fonte do banco confirmou que há interessados na Big Ben, mas não detalhou o estágio das negociações. Procurado, o BTG não comenta o assunto.
Com uma receita de R$ 1,4 bilhão em 2015 e lojas concentradas na região Norte e Nordeste, a divisão de varejo farmacêutico do Ultra deve avançar sobre outras áreas do país. O grupo entrou nesse segmento em 2013 e figurou no ano passado como a sétima maior rede do país em faturamento, de acordo com dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). A meta é ficar entre as cinco maiores nos próximos anos – Raia Drogasil e Drogaria Pacheco São Paulo estão à frente do setor.
Botijão
Líder no segmento de distribuição de gás de cozinha, por meio da Ultragaz, o Ultra também está no páreo para comprar a Liquigas, controlada pela Petrobras. O Itaú BBA, que está coordenando a operação, já recebeu propostas não-vinculantes pela compra do ativo, avaliado em cerca de R$ 1,5 bilhão.
A Supergasbrás, do grupo SHV, e a Copagaz, do empresário Ueze Zahran, também têm interesse na operação. Essa última deve se associar a investidores nacionais e estrangeiros para fazer a oferta, conforme antecipou o jornal O Estado de S. Paulo.
Entre julho e início de agosto, o Itaú BBA deverá selecionar as propostas pelo ativo para dar prosseguimento às negociações. Procurada, a Petrobras não comentou. Sobre as duas possíveis aquisições, o Ultra informou que “analisa continuamente oportunidades em todas as suas áreas de atuação”.
Resiliente
Com um faturamento de R$ 75,7 bilhões em 2015, o grupo anunciou investimentos de R$ 1,8 bilhão para 2016. Esse valor não contempla aquisições. A estratégia da companhia é se fortalecer em segmentos mais resilientes à crise.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no ano passado, o presidente do conselho de administração do grupo, Paulo Cunha, informou que a companhia tinha interesse na BR Distribuidora, se a empresa fosse vendida em partes.
A estatal, que está em processo de desinvestimento, tinha planos de abrir o capital da rede, mas voltou atrás. Depois, a Petrobras informou que poderia vender uma participação minoritária do negócio. Gestores, como Brookfield e Advent, também tinham interesse no ativo, mas não como minoritários.
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