O dólar comercial voltou a subir diante do real nesta quarta-feira (3), pondo fim a uma trégua de dois dias, influenciado pela baixa das commodities no exterior e maior pessimismo com problemas fiscais na zona do euro.
A moeda norte-americana fechou o dia cotada a R$ 1,844, em alta de 0,77%. Com isso, a queda acumulada pelo dólar neste início de mês diminuiu para 2,18%.
Profissionais do mercado já alertavam que a continuidade da baixa do dólar vista nos dois primeiros dias de fevereiro dependia de um cenário externo favorável. Mas, nesta sessão, o dólar voltou a subir ante a maioria das moedas no exterior.
Em relação a uma cesta com as principais divisas, a alta era de 0,4% no fim da tarde. O euro era um dos mais afetados, com queda de 0,35%, em meio à preocupação de investidores com a situação fiscal de países como Espanha e Portugal.
No Brasil, o BC divulgou superávit de US$ 1,075 bilhão no fluxo cambial do mês passado. O resultado foi garantido principalmente na última semana do mês, embora o dólar tenha se valorizado nas últimas nove sessões de janeiro.
Para o longo prazo, o governo deu mais uma indicação de que visa a transformação do real em uma moeda totalmente conversível no exterior, com a apresentação de novos modelos de cédulas, mais resistentes à falsificação.
"O real hoje é uma moeda forte", afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "E a moeda só é forte quando reflete a solidez da economia."
Aversão a risco
O pessimismo ganhou corpo mesmo com a aprovação pela Comissão Europeia do plano fiscal da Grécia, país com um dos maiores déficits da região. "É aversão a risco", disse Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora. "Daí o pessoal aproveita para se resguardar, e recorre ao câmbio."
Outros operadores também relataram que a alta do dólar era impulsionada pelo mercado internacional, sem um fator interno decisivo para pressionar a taxa de câmbio.
"O mercado externo e as commodities viraram um pouco antes do almoço", citou o operador de câmbio de um importante banco nacional, que preferiu não ser citado. À tarde, o índice Reuters-Jefferies de commodities caía 0,6%.