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Perspectivas

Após forte avanço, crédito deve crescer menos em 2011

O número de pessoas que procuraram empréstimos ou financiamentos cresceu 16,4% no ano passado, compensando com folga o recuo de 1,2% registrado em 2009, informou ontem a Serasa Experian. De acordo com o levantamento, feito a partir de uma amostra de 11,5 milhões de CPFs, a demanda por crédito cresceu nas cinco regiões brasileiras e em todas as faixas de renda, "impulsionada pelas condições favoráveis de crédito às pessoas físicas, pelo elevado grau de confiança dos consumidores e pelo bom momento vivido pelo mercado de trabalho".

A tendência, segundo economistas, é que o mercado de crédito continue em alta em 2011, mas com crescimento mais lento que o verificado no ano passado. Isso vale tanto para o número de consumidores em busca de financiamento quanto para o valor total concedido por bancos e financeiras – de acordo com o BC, o montante concedido a pessoas físicas aumentou quase 28% no ano passado (dados de novembro), a maior alta desde 2005 (37%).

Devem contribuir para a desaceleração fatores como as medidas de restrição adotadas no fim do ano passado pelo Banco Central, o provável aumento da taxa básica de juros já na próxima semana – o mercado espera que a Selic suba de 10,75% para 11,25% ao ano – e a expansão mais moderada da economia, do emprego e da renda. Outro aspecto, destacado como determinante, é o alto endividamento das famílias, que deve limitar a contratação de novos empréstimos.

"O país deve crescer 4,5% neste ano, contra 7,5% no ano passado. A renda também avança um pouco menos, e o desemprego tende a ficar estável. Como muitas pessoas já carregam um nível alto de endividamento, podemos esperar uma procura menor por crédito", explica Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa Experian, que prefere não arriscar previsões para a demanda por crédito neste ano.

Economista-chefe da consultoria Rosenberg & Associados, Thaís Marzola Zara – para quem o crédito crescerá de 10% a 15% neste ano – também vê no endividamento uma barreira. "As restrições do Banco Central e o aumento dos juros terão impacto, mas o maior obstáculo devem ser as dívidas já contraídas pelas famílias, que vão limitar a quantidade de empréstimos que elas podem tomar neste ano."

Inadimplência

A economista-chefe da Rosenberg não espera que a inadimplência venha a ser motivo de preocupação. "Ela é muito ligada ao mercado de trabalho. Enquanto ele estiver bem, e essa é a expectativa para este ano, a inadimplência tende a ficar controlada", explica. De acordo com o BC, os atrasos acima de 90 dias afetavam 5,87% do crédito total em novembro, o nível mais baixo desde abril de 2001.

A Serasa Experian, que usa metodologia diferente, detectou movimento contrário no ano passado, e apontou que a inadimplência cresceu 5% de janeiro a novembro. "Para o histórico brasileiro, é um crescimento relativamente baixo, mas aumento de inadimplência nunca é boa notícia, e pode ter reflexo nos juros", alerta Almeida.

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