Após forte pressão de empresários, o governo mudou o discurso sobre o desmatamento na Amazônia. O Palácio do Planalto deixou de lado a atitude negacionista e passou a assumir compromissos para reduzir as queimadas e os desmatamento na região. O movimento é um primeiro passo para garantir a atração de investidores, cada vez mais preocupados com o impacto ambiental na economia e nos negócios.
A mudança de tom foi verificada em menos de dois dias. Na quarta e quinta-feira (9), o governo basicamente tentou se esquivar das responsabilidades sobre o aumento do desmatamento. Já na reunião de sexta-feira (10) com um grupo de empresários, incluindo executivos da Suzano, Shell, Natura e Itaú, o vice-presidente Hamilton Mourão reconheceu o problema e assumiu compromissos com a comunidade.
"Hoje [sexta], o vice-presidente foi afirmativo ao dizer que o governo vai fixar metas para reduzir o desmatamento e não tergiversou como ontem [quinta]. O discurso está mudando, o governo já entendeu que o combate a atos ilegais e criminosos é responsabilidade dele", disse Paulo Hartung, presidente da Indústria Brasileira de Árvores (IBA) e ex-governador do Espírito Santo.
"Conseguimos avançar, mas só com atos concretos é que criaremos outra visão da opinião pública internacional. A bola está do outro lado", cobra Hartung.
Segundo um dos participantes do encontro, que pediu para não ser identificado, os presidentes de empresas deram relatos fortes ao vice-presidente sobre os efeitos do desmatamento na Amazônia nos negócios e na economia. Empresas de agronegócio relataram que a soja brasileira começa a enfrentar boicotes em alguns países, por exemplo. A saída dos fundos de investimento também tem potencial de causar danos nos financiamentos às empresas privadas de maneira geral.
Os empresários também sugeriram a Mourão iniciativas a serem adotadas pelo governo, como assumir o controle do rastreamento de todo o gado. O governo já teria a expertise e o programa não teria grandes impactos nos cofres públicos.
Plano de redução do desmatamento na Amazônia
Para o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) Marcello Brito, a principal notícia da reunião foi a promessa de um plano de redução do desmatamento na Amazônia com metas semestrais até 2022, embora não tenha dito qual será essa meta. "Não existe bala de prata na Amazônia, nada é simplista, mas nós notamos por parte dele compromisso e boa vontade", disse Britto.
"Houve uma inflexão. É positivo o Estado dizer: reconhecemos que é grave e vamos tomar medidas", disse Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). "Do lado dos empresários, a principal mensagem é que preservação e produção podem conviver."
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