Com a economia crescendo pouco mais de zero, a taxa de desemprego se mantém ainda nas mínimas históricas, mas a qualidade do mercado de trabalho já não é mais a mesma. Depois de queda sistemática desde 2004, a informalidade parou de cair no segundo semestre de 2014.
Em novembro, os trabalhadores sem proteção sem carteira, por conta própria (autônomos) e sem rendimento representavam 32,45% do total dos brasileiros ocupados nas seis maiores regiões metropolitanas. A taxa é praticamente a mesma de agosto.
Em 2013, mesmo com um mercado de trabalho com resultados menos favoráveis em relação à renda e à geração de vagas, a informalidade manteve queda sistemática e encerrou o ano, em média, em 32,84%, um ponto percentual abaixo de 2012.
Em 2014, a queda na informalidade deve ser bem menor. Segundo o economista Carlos Henrique Corseuil, diretor-adjunto de Estudos e Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o indicador deve encerrar o ano, em média, meio ponto percentual abaixo de 2013. Isso porque até maio a taxa ainda caía na comparação com o mesmo mês do ano passado.
No segundo semestre, porém, a informalidade estagnou num cenário de aumento do número de trabalhadores por conta própria, apesar da manutenção dos empregos com carteira e da redução dos sem carteira. O porcentual de trabalhadores autônomos passou de 17,96% entre julho e novembro de 2013 para 18,93% no mesmo período de 2014.
A estagnação da informalidade é semelhante ao que ocorreu no segundo semestre de 2009, quando o mercado de trabalho sentiu os efeitos da crise financeira internacional, observa Corseuil. Para ele, agora o fenômeno seria uma primeira amostra da volta ao mercado de trabalhadores que tinham deixado de procurar emprego, o que explica a baixa taxa de desemprego apesar da baixa criação de vagas.
Corseuil estima, no entanto, que uma recuperação é possível no segundo semestre de 2015. "Em 2009, o período de alta da informalidade durou nove, dez meses e depois recuperou."