O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta sexta-feira (7) que o governo está estudando cortes para diminuir despesas.
Em setembro, o governo federal gastou além de sua arrecadação pelo quinto mês consecutivo, e o Tesouro Nacional acumulou um déficit inédito em duas décadas.
As despesas com pessoal, programas sociais, investimentos e custeio superaram as receitas em R$ 20,4 bilhões, o maior valor em vermelho já contabilizado em um mês. Com isso, o resultado do ano passou de um saldo fraco para um rombo de R$ 15,7 bilhões.
Endividamento
Foi a primeira vez desde o Plano Real, lançado em 1994, que houve déficit primário no acumulado de um ano, ou seja, o governo precisou de endividar para fazer os pagamentos rotineiros e as obras de infraestrutura.
"Nós temos agora que fazer uma redução importante das despesas que estão crescendo, como o seguro-desemprego, abono salarial e auxílio doença". Ele participou de evento da FGV (Fundação Getúlio Vargas) em São Paulo, para falar da política fiscal em tempos de crise.
Mesmo com essas dificuldades, Mantega considera que "este é o último ano de políticas anticíclicas no Brasil". "A indústria é a que mais sofre [neste período de crise] porque é o mercado que mais encolhe."
Ele disse que, se o governo não tivesse feito políticas de estímulo, a produção industrial não teria se mantido em um patamar superior. Segundo o ministro, o setor se manteve em uma situação "razoável", mas afirmou que a realidade ainda é insatisfatória para as necessidades da indústria.
Crise internacional
O ministro repetiu que, além da economia mundial em crise, a seca, a estiagem e a falta de chuvas atrapalharam o crescimento do Brasil.
"A economia brasileira está sólida porque saímos com um mercado consumidor forte e temos volume de reservas internacionais. O emprego aumenta e os salários têm aumento real também. Portanto, o mercado consumidor continua crescendo. Se o crédito for liberado esse mercado volta a consumir", afirma Mantega.
Inflação
O ministro falou ainda sobre o IPCA, índice oficial da inflação, de outubro, que ficou em 0,42%, segundo divulgado pelo IBGE nesta sexta (7). Em setembro, a taxa havia sido de 0,57%.
Para Mantega, a inflação está controlada sem risco ultrapassar a meta. Após o aumento da gasolina nas refinarias em 3% e de 5% no diesel, anunciado na noite de quinta-feira (6), Mantega disse que o impacto da mudança será de 0,1 ponto percentual na inflação.
Sobre a necessidade de novos aumentos no combustível, disse que "não discute o preço da gasolina e a situação da estatal", mesmo sendo o presidente do conselho de administração da empresa.
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