Dados ruins para o emprego formal em junho levaram o governo a reduzir a previsão para a geração de vagas com carteira assinada em 2014. A expectativa agora é de 1 milhão de novos postos, pior resultado desde 2003. Após uma sequência de meses desanimadores na atividade econômica, o Ministério do Trabalho informou ontem que a criação de empregos formais no primeiro semestre teve o pior resultado desde o início da crise financeira internacional, há seis anos. O mês da Copa do Mundo teve o menor número de vagas com carteira assinada do mês de junho em 16 anos, levando o governo a reduzir a meta de novos postos de trabalho neste ano.
De janeiro a junho, foram geradas 588.168 vagas, pior resultado para o período desde 2009. No mês passado, foram 25.363 empregos formais, desempenho que só supera junho de 1998 e que representa uma queda de 84% na comparação a junho de 2013. Os dados fazem parte do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, afirmou que o fraco desempenho de junho frustrou as expectativas do governo. "Esperava mais, porque não havia nenhum indicativo dessa situação", disse. O setor de transformação foi o que mais demitiu no mês passado (28.553 trabalhadores), indo para o terceiro mês consecutivo de demissões, seguido da construção civil (12.401 cortes).
No início do ano, Dias acreditava em uma de geração de 1,4 milhão a 1,5 milhão de vagas. Agora, a projeção é de 1 milhão de vagas até 31 de dezembro. "Havia outra expectativa. Não havia essa questão da indústria, por exemplo. Nos três primeiros meses, a indústria vinha gerando empregos, o setor automobilístico batia recorde e havia indicativos de que manteríamos aquele ritmo", justificou.
Efeito Copa
Se no começo de 2014 o argumento favorável ao recorde de empregos era a realização da Copa do Mundo, agora o torneio foi apontado como problema por não ter contratado como se esperava e demitido como não se previa. No caso do comércio, os jogos puxaram a demissão de 7.070 trabalhadores, em razão do fechamento das lojas durante partidas do Brasil.
Na avaliação do economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves, a desaceleração da economia brasileira parece ter chegado ao mercado de trabalho. Segundo ele, o resultado de junho poderia ter sido pior se não fosse um mês sazonalmente favorável às contratações no segmento da agricultura. "A geração de empregos na agricultura é sazonal, mas se compararmos com junho do ano passado, quando foram criadas cerca de 59 mil vagas, vemos que a tendência é de leve desaceleração do emprego", observou.