A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) se recuperou das perdas de segunda-feira e fechou esta terça (25) em alta, embora com menos intensidade que os pregões europeus. Ao final do pregão, o Ibovespa, índice de referência do mercado de ações brasileiro, encerrou com alta de 0,51% aos 44.564 pontos e volume negociado de R$ 5,8 bilhões. As Bolsas americanas, que chegaram a subir mais de 2% ao longo do dia, inverteram o sinal e fecharam em queda.
Ontem, na chamada ‘segunda-feira de pesadelo’ causada pela queda acentuada das Bolsas na China, o dólar fechou em alta de 1,63% frente ao real cotado a R$ 3,552, a maior valorização em 12 anos. O Ibovespa teve queda de 3,03%, aos 44.336 pontos, o menor patamar desde os 44.181 de 8 de abril de 2009, quando as Bolsas globais ainda tentavam se recuperar da crise financeira.
Nesta terça, após mais uma rodada de perdas nos mercados asiáticos, o banco central da China reduziu as taxas de juros e, ao mesmo tempo, afrouxou as taxas de depósito compulsório (dinheiro que os bancos mantêm recolhidos no BC) pela segunda vez em dois meses. Desde novembro, é o quinto corte de juros, intensificando os esforços para amortecer a crise no mercado de ações e o aprofundamento desaceleração econômica. Calcula-se que mais de US$ 100 bilhões serão injetados na economia chinesa com essas medidas.
Segundo a agência estatal de notícias da China “Xinhua, o Banco do Povo da China (Pboc, o banco central do país) também injetou hoje 150 bilhões de yuanes (cerca de US$ 23,4 bilhões) no sistema financeiro do país por meio de operações de recompra reversa. Nas operações de recompra reversa, o banco central compra ativos com o compromisso de revendê-los no futuro, a fim de combater a falta de liquidez. Todas essas medidas acalmaram os investidores e o dia é de compra nos principais pregões do mundo.
“Ao baixar os juros e e afrouxar as taxas de remuneração do compulsório, o banco central torna mais barato o custo do dinheiro e libera mais recursos para a economia, beneficiando tanto empresas quanto o consumidor. É uma sinalização de que o governo está trabalhando para atingir o crescimento de 7% prometido. Além disso, a medida tenta acalmar os investidores, já que a queda da Bolsa mostra que muitos deles estão vendendo papéis com medo de que a economia desacelere. Neste primeiro momento, as medidas agradaram o mercado”, explica Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho no Brasil, lembrando que as medidas vieram depois de dois dias de fortes quedas nas bolsas chinesas.
Mas o estrategista adverte que os dados mais recentes ainda indicam uma desaceleração da economia chinesa este ano. Para ele, enquanto não houver reversão desta tendência, sinalizando que a expansão da China vai chegar aos 7% prometidos, o mercado continuará desconfiado.
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Na Bovespa, as ações da Petrobras puxaram a alta do índice. As ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da petrolífera subiram 1,80% a R$ 7,91, enquanto as ordinárias (com direito a voto) avançaram 2,06% a R$ 8,90. As ações da mineradora Vale, que tiveram forte alta durante o pregão, encerraram em queda de 0,88% a R$ 12,28.
Ontem, os preços de commodities despencaram no mercado mundial, incluindo o petróleo, em função das dúvidas em relação à economia chinesa provocando fortes perdas nestes papéis. A China é a principal parceira comercial do Brasil, comprando especialmente commodities.
“Por aqui, o movimento de recuperação da Bolsa é mais modesto do que no exterior, porque pesam fatores internos, como a crise econômica e política. O fato de o vice-presidente Michel Temer deixar a articulação política do governo preocupa e o investimento estrangeiro direto também perdeu força”, diz Rostagno.
Para o economista Jason Vieira, da infinity Asset, o cenário ainda é de alta volatilidade nos mercados com a China em foco. Também está no radar o risco de uma desvalorização maior do yuan, que começou duas semanas atrás, o que poderia acelerar a saída de capitais do país para lugares mais seguros.
“O medo dos investidores é que a China leve os mercados emergentes a uma crise mais profunda, num momento em que os indicadores econômicos destes países já estão ruins”, diz Vieira.
Um crescimento mais modesto da segunda maior economia do mundo afeta diretamente o crescimento global. No Brasil, analistas temem que a crise chinesa aprofunde a recessão.
Após ‘segunda-feira negra’, bolsas asiáticas voltam a cair
Preocupação com a saúde da economia chinesa continua. Índice da bolsa de Xangai caiu 7,6%
Leia a matéria completaNova rodada de quedas
Nesta terça, as bolsas asiáticas voltaram a fechar em forte queda, antes de o governo anunciar novas medidas de estímulo. O mercado avalia que o reflexo positivo nas Bolsas asiáticas se dará nesta quarta-feira. A Bolsa de Xangai encerrou o pregão desta terça-feira em baixa de 7,63%, depois de ter caído 8,5% na véspera.
O principal índice de Xangai perdeu 244,94 pontos, a 2.964,97 unidades, o menor nível de pontos desde 15 de dezembro do ano passado. A Bolsa de Shenzen, a segunda do país e com uma forte presença de empresas tecnológicas, teve queda de 7,09%.
Já a Bolsa de Tóquio encerrou a sessão com uma perda de 3,96%. Por sua vez, o índice Hang Seng da Bolsa de Hong Kong caiu 0,7%. Na segunda-feira, Tóquio fechou em seu nível mais baixo em seis meses, após retroceder 4,61%, e Xangai registrou a maior perda diária desde 2007, despencando quase 8,5%.
Na Europa, os pregões fecharam com forte alta reagindo ao anúncio do BC chinês e a dados positivos da economia alemã. A Bolsa de Paris subiu 4,14%; a de Frankfurt avançou 4,97% e Londres teve ganhos de 3,09%. A maior economia da zona do euro, a da Alemanha, cresceu 0,4% no segundo trimestre, elevando para 1,6% o número anualizado. E o índice sentimento das empresas surpreendeu apresentando elevação enquanto os analistas esperavam queda. Os ganhos na Europa também foram impulsionados pela recuperação dos preços do petróleo e de outras commodities.
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