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Após ter nota cortada pela Moody's, Petrobras diz que dívida está equilibrada

O perfil atual dos vencimentos da dívida da Petrobras é compatível com a geração de caixa futuro da companhia, com a maior parte desse endividamento registrando prazo de vencimento igual ou superior a sete anos, informou nesta sexta-feira (4) a estatal, que ontem teve seu nível de risco da dívida em moeda estrangeira e local rebaixado pela agência de ratings Moody's.

A Moody's anunciou ontem à noite que revisou as dívidas da estatal brasileira de A3 para Baa1, com perspectiva negativa, mantendo o grau de investimento. Com isso, a companhia retorna a um patamar que se encontrava em junho de 2011.

A Petrobras argumentou em nota que não elevou o seu programa de investimentos entre 2012 e 2013, mas reconheceu que o plano de US$ 236,5 bilhões é "robusto". A empresa ainda destacou "o fortalecimento da governança da companhia com maior rigor na aprovação de novos projetos".

"A Petrobras manteve o mesmo nível de investimento focando na conclusão dos projetos em execução sem alteração de seus escopos", declarou.

Metas

Ao assumir a presidência da companhia, em 2012, Graça Foster fez o que classificou de "metas realistas" para o plano de negócios, reduzindo em 700 mil barris de petróleo por dia a meta de produção em 2020, para 4,2 milhões de barris/dia.

"Historicamente, a Petrobras não cumpre suas metas de produção. Verificamos que nos oito planos de negócios (anteriores), não temos cumprido nossa meta de produção. Uma de nossas conclusões é que nosso plano esteja sendo trabalhado em metas ousadas, que se mostraram metas não-realistas ano após ano", criticou Graça ao apresentar o novo plano.

A executiva também implantou programas focados no controle de custos e na execução e entrega dos projetos, que segundo a companhia "irão ajudar a conter aumentos de investimentos e concretizarão o crescimento da produção".

Pela primeira vez, a empresa também separou planos em implantação (US$ 207,1 bilhões) e em avaliação (US$ 29,6 bilhões), indicando ao mercado que só faria os projetos em avaliação, onde se encaixam as novas refinarias no Nordeste da empresa, se fossem financeiramente viáveis.

Na semana passada, Graça informou que lançará entre março e abril as licitações para construção das unidades, que terão parceiros internacionais para dividir os gastos. A Petrobras admite também ser minoritária nas duas refinarias, uma no Maranhão e outra no Ceará, para usar menos o seu caixa, a exemplo do que fez no leilão de petróleo deste ano, onde foi minoritária em vários consórcios.

Dívidas

A revisão da Moody's reflete a alavancagem financeira e a expectativa de fluxo de caixa negativo da Petrobras nos próximos anos, devido à implementação do programa de investimentos da companhia. Desde 2009, a dívida da companhia aumentou 210%.

Na visão da agência, a expectativa é de um maior nível de alavancagem financeira, com picos em 2013 e 2014, mas tendendo a declinar a partir de 2015, na medida em que a execução do plano de investimentos seja bem-sucedida e as metas de produção atingidas.

A expectativa da Petrobras é de que o aumento de produção gere mais receita para cumprir o plano, ao mesmo tempo que negocia com o governo um novo aumento de combustíveis este ano, para equiparar o preço ao mercado internacional, e também uma nova política de reajustes, para evitar a asfixia do caixa da empresa.

Impacto do rebaixamento

Na avaliação do analista Gustavo Gattass, do Banco BTG Pactual, o rebaixamento feito pela Moody's tem efeito neutro.

"A Moody's era a única das agências de rating que tinha a Petrobras bem acima do nível do 'investment grade'. Agora ela esta mais em linha com a recomendação das outras agências", disse o banco em relatório a clientes.

As ações da Petrobras abriram a sessão em queda hoje e às 10h54 operavam com baixa de 1,62%, enquanto o Ibovespa recuava 0,3%.

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