Faturamento
Na contramão, vendas caem 1,55% no mês
Na contramão do desempenho da produção, as vendas da indústria paranaense registraram redução de 1,55% de setembro para outubro, de acordo com a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). Apesar do fraco resultado mensal, no entanto, no acumulado dos dez primeiros meses o faturamento subiu 6,5%. "O ano de 2011 se confirma como o ano de maiores vendas da indústria paranaense", diz Maurílio Schmitt, coordenador do departamento econômico da Fiep.
As performances negativas que pesaram no resultado mensal ocorreram em 14 dos 18 gêneros da pesquisa, incluindo os setores de maior importância da indústria paranaense: alimentos e bebidas (queda de 0,69%), refino de petróleo e produção de álcool (-1,11%) e veículos automotores (-7,68%). Os maiores avanços se deram nos gêneros vestuário (alta de 29,45%), edição e impressão (19,73%) e máquinas e equipamentos (13,36%).
Segundo Schmitt, o nível de emprego apresentou pequeno aumento em outubro (0,15%) e acumula no ano acréscimo de 3,63%. Os setores que mais colaboraram com o índice de outubro foram material eletrônico e de comunicações (alta de 5,13% no nível de emprego) e produtos de metal (2%). O uso da capacidade instalada subiu de 79% para 83% em relação a outubro de 2010.
Um dos setores mais afetados pelos desdobramentos da crise financeira internacional, a indústria reduziu sua produção em 0,6% na passagem de setembro para outubro, com queda em metade dos 14 locais que compõem a Pesquisa Mensal de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas o Paraná foi uma das sete regiões a exercer impacto positivo sobre os números: depois de registrar uma queda de 13,3% em setembro, avançou 1% em outubro, na comparação com o mês anterior. Em relação a outubro de 2010, a atividade aumentou 13,4% o segundo maior crescimento, atrás apenas do Amazonas.
A recuperação do Paraná em outubro facilitada pela fraca produção, tanto no mês anterior quanto no mesmo período de 2010 se deu, principalmente, pela contribuição da produção de veículos automotores (que cresceu 28,9% em relação a outubro de 2010, com destaque para caminhões) e dos setores de madeira (alta de 22,6%), combustíveis (7,7%, com destaque para a gasolina) e alimentos (avanço de 3,3%, puxado pela produção de ração animal, óleo de soja, café solúvel e outros derivados da soja). O setor de edição e impressão também se destacou, com crescimento de 87,9%, um sinal de recuperação frente aos 61,7% negativos de outubro de 2010.
"Alguns fatores específicos da indústria paranaense têm mostrado um desempenho diferenciado. São setores que garantem um comportamento positivo ao longo do ano, como os de veículos automotores e alimentos", explica André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.
Os setores que apresentaram retração no período foram máquinas e equipamentos (-4,5%) e outros produtos químicos (-11,2%). O órgão aponta que a causa do recuo foi a diminuição da produção de máquinas para a indústria de panificação e refrigeradores e de adubos e fertilizantes.
Crise
O setor industrial começou a desacelerar em agosto, refletindo os problemas das dívidas soberanas dos Estados Unidos e da Europa e também as medidas baixadas pelo governo federal ainda no início de 2011 para conter a inflação. Embora desde o mês passado o Banco Central e o Ministério da Fazenda estejam trabalhando para voltar a estimular a economia doméstica, as incertezas do cenário externo continuam a afetar o empresariado e os consumidores brasileiros.
As quedas mais acentuadas da indústria, na comparação com setembro, ocorreram em Goiás (-8%), Santa Catarina (-3,4%) e São Paulo (-2,6%). Na comparação anual, a queda acumulada em oito das 14 regiões é de 2,2%.
Perspectiva
O economista e diretor-presidente do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Gilmar Mendes Lourenço, acredita que até o fim do ano o Paraná acompanhará a tendência nacional de desaceleração. Para ele, as últimas medidas de incentivo ao consumo só gerarão algum efeito, ainda que discreto e gradual, a partir do primeiro trimestre de 2012. "As decisões de produção já foram tomadas e calibradas para o suprimento de um menor volume de pedidos do comércio, comparado com o mesmo período do ano anterior, fato comprovado pela excessiva acumulação de estoques nas fábricas."
Colaborou Fernanda Trisotto
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